Revolução já
A evidência de que um orçamento estadual superior a R$ 50 bilhões, como é o do Paraná, não consegue nem 10% de reserva para investimentos mostra a consolidação de uma cultura que vê no poder público algo condenado, por suas dimensões e ineficiência, à sua inércia fatal e portentosa. Se considerarmos que a corrupção no governo, neste ou em qualquer outro, em nosso caso específico, represente uns 2% do que está havendo na Lava Jato, o que é um referencial discreto, percebemos que os vazamentos vão muito além das amarras de traço burocrático e que dispersam recursos. Cálculos singelos sobre afanos, como os da "Publicano" com a gangue fiscal e mais os da "Quadro Negro" já apurados, dão uma ideia de que não se pode subestimar o impacto dos desvios nessa conta e que há um quadro de condescendência com essas patologias.
Referências aí são a casos apurados e processados, imagine-se o que há para computar nessa aritmética naquilo que se dá como rotina em operações quase imperceptíveis em organismos policiais, por exemplo, como a da negociação com peças roubadas em desmanches e as mordidas em setores como o dos jogos, costumes e diversões. Dá para acreditar nos órgãos que exercem o papel de controladorias, em que universo estavam tanto no mensalão como no petrolão? A gangrena da corrupção se dá em todos os níveis de governo, para cada ato depurador de um juiz como Sérgio Moro há pelo menos cem de fraudes e desvios ocorrendo simultaneamente.
O pior é o fator orgânico, estrutural, dessa irracionalidade orçamentária: é dinheiro demais para desfrute. E se há algo que a intervenção de Mauro Ricardo Costa, o importado, pode gerar de forma permanente é justamente romper essa esganadura visível nesse pífio resultado de 2016 quando não se alcançou sequer 50% do esperado, pouco mais de R$ 3 bi, em que pese a contribuição de estatais como a Copel e Sanepar.
Levar a sério o orçamento, como plano de governo, e bloquear desperdícios e a corrupção são decorrências normais dessa vigilância. Fazer isso, como missão, é revolucionário.

Pequenos desvios
Uma força conjunta ontem da Copel e Delegacia de Furtos e Roubos foi em cima de seis empresas de Curitiba, São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande acusadas de roubo de energia. Prejuízo de R$ 434 mil num total de desvio correspondente ao atendimento a 4 mil famílias em energia. Se houvesse tolerância zero com esses "gatos", haveria surpresa nos resultados financeiros e, sobretudo, educativos. Maiores abusos, como se sabe, são nas áreas de invasão.

Violência
No Juvevê nova cena de violência: um atirador entrou na Cantina Açores e acabou atingindo um homem e duas mulheres. O autor foi preso por um delegado que estava nas proximidades. Não faz tempo houve o mesmo no "Mangue Seco". E isso se dá simultaneamente com as ações da polícia-prefeitura na repressão a bares e bistrôs barulhentos e sem documentação. Anteontem, entre oito da noite e três da madrugada, cinco foram interditados por falta de alvará ou vistoria dos bombeiros. Na Praça de Espanha, em casa sofisticada, um jovem de 21 anos agredido por uma garrafada no pescoço precisou ser hospitalizado.

Hora do Gaeco
No momento em que tudo se encaminha para a pacificação entre poder concedente e as concessionárias nos transportes coletivos de Curitiba, seria oportuno que o Gaeco revelasse o que apurou sobre empresas da área que manipularam licitações em Foz do Iguaçu, Maringá e em outras cidades, inclusive Brasília. Se houve o que se acusa e há muita dúvida em torno da concorrência havida na capital por suspeitas óbvias, seria interessante que antes do fechamento do acordo da nova tarifa se tivesse melhor noção do que aconteceu. Intenção é a de refazer a relação pactual que só foi rompida quando Beto Richa assumiu como vice e decidiu manter a tarifa congelada por cinco anos o que lhe garantiu a eleição e reeleição, mas é visto como o fator que desequilibrou o contrato. É dúvida demais para assimilar como um tipo de pacificação que pode ser boa para muitos, menos para os usuários que pagam o pato.

Medicamentos
Maior inflação de medicamentos e planos de saúde para os mais idosos foram pesadas: 11,33% no primeiro item, 13,2% no segundo no ano passado. Aí, o governo Beto Richa agravou o quadro aumentando o ICMS dos remédios de 12% para 18%. Alta nos comprimidos, sofrimento nos oprimidos.

Folclore
Gente inconformada com o adiamento da Oficina de Musica pretende mover o "Escutaço" à frente do Guairão às 21 horas de domingo, que seria o encerramento do evento de acordo com o calendário vetado por Rafael Greca. Protesto deveria ser musicado e com arte. Urge contestar com elegância, quem sabe dançando o minueto.