O que muda na novela
A demora que haverá em função da morte do ministro relator Teori Zavascki aparentemente beneficia o governo, agora menos sujeito aos abalos da Lava Jato ainda que capaz de sofrer os impactos de possíveis vazamentos e, que com o respiro, pode acelerar suas medidas na retomada do crescimento. Sua agenda é favorecida até nas articulações para a eleição na Câmara Federal, o que pode render calmaria relativa por um ou dois meses, o que não é pouco para quem está, há tanto tempo, nas aflições do aperto de um cronograma asfixiante.
Inevitável, porém, será uma sequência de vazamentos que mais influirão nos acontecimentos do que a própria investigação das causas do acidente aéreo, dadas as condições de ser dado muito próximo da pista do aeroporto de Paraty. Teori, por sua postura discreta, não favorecia vazamentos ou qualquer quebra de rituais, como o demonstrou censurando abertamente e de forma pública o juiz Sérgio Moro ou as extrapolações teatrais do procurador Dallagnol no show televisivo anti-Lula.
Resta saber que rumo o STF tomará em relação à designação do substituto se ficará ou não à espera da indicação do novo ministro, agora sob a responsabilidade de Michel Temer, o que de qualquer forma implica em demora por maior que seja o esforço em sentido contrário em função não só das pressões da sociedade brasileira como também da universal, tal a repercussão dos acontecimentos que geograficamente se espalham por múltiplos fronts internacionais. O que não sair aqui, em termos de notícia, poderá vir do exterior decorrente de investigações específicas em malfeitos das nossas megaempreiteiras.
A hipótese de impunidade é cada vez menor não apenas, portanto, pelo que se dá aqui como também na Suíça, nos Estados Unidos ou na América Latina. Não há como pôr um fim nisso tudo, a despeito das dimensões da sangria que alcança a quase totalidade da fauna política.

Suplentes
Está marcada para fevereiro a convocação dos cinco suplentes dos vereadores presos de Foz do Iguaçu: com a chegada deles, que serão obviamente remunerados, fica mais clara a lição do Tribunal de Contas em torno de pagamentos negados a encarcerados.

Imagem
A captura de suspeitos do ataque ao carro-forte na BR-277, nas proximidades de Morretes, restaura na população o perdido sentimento de segurança dada a audácia dos bandidos e o sentido logístico da operação. Pelas condições do ataque, normalmente não se chega tão rapidamente à autoria como nesse caso.

Atrapalho
Exigências burocráticas quanto à carteira de identidade dos vestibulandos que passaram gera problemas no Instituto de Identificação do Paraná em relação ao agendamento.

Balneabilidade
Dos 62 pontos investigados quanto à balneabilidade, ficou assentado que apenas 4 ficam interditos isso no quinto boletim oficial expedido. Uma surpresa foi a condição admitida em favor do Rio Nhundiaquara nas imediações de Porto de Cima sempre dada como negativa pelo elevado comprometimento da água.

Proselitismo
A hipótese de Beto Richa desistir do Senado, ainda que tida como balão de ensaio, acirrou a atuação da própria vice-governadora Cida Borghetti que, acompanhada do marido Ricardo Barros, faz viagens ao interior: enquanto o ministro colhe feitos da pasta da Saúde na região, ela ouve os reclamos de cada município visitado. Cida ainda joga com a perspectiva de assumir o governo e nele permanecer em reeleição, apesar de as especulações em favor de Osmar Dias persistirem mesmo no Palácio Iguaçu. No momento, o mais "out" é Ratinho Júnior que teve atribuições suas transferidas à Casa Civil.

Bibinho
Abib Miguel, desde 21 de dezembro, está solto por ordem de habeas corpus obtido no Superior Tribunal de Justiça e se mantém de tornozeleira eletrônica. É tido como cabeça de um sistema de desvios de verbas públicas na Assembleia Legislativa em mais de R$ 200 milhões. O deputado Nelson Justus, ex-presidente da Casa, está com processo em curso, depois de autorização do Órgão Especial do TJ.

Terceirização
O delegado Cartaxo, que toca o Depen, admitiu, em entrevista radiofônica, a possibilidade de alguns serviços do sistema penitenciário serem terceirizados.

Folclore
História muito antiga: o bicheiro de Paranaguá foi obrigado a ir ao chefe de Polícia para contar que o seu motorista levava pelo menos 10% do combinado que deveria favorecer o patrão. Se todo mundo belisca, de repente nem a Petrobras aguenta, como se viu na Lava Jato.