É proibido sorrir
Em que pese a derrama de recursos para os municípios anteontem, tanto os grandes como Curitiba, os médios como Colombo e os pequenos como Porto Amazonas suprimem as suas celebrações de carnaval, da uva e agora a da maçã. Algo como aquela observação de Rafael Greca de que a hora não é de cantar (ora poderíamos fazê-lo com litanias religiosas pedindo a intercessão de anjos e querubins para abrandar a recessão) permeia o discurso político-administrativo. Tanto a Festa da Uva na região metropolitana (e que compete com a de Santa Felicidade até aqui não vetada) como a da Maçã em Porto Amazonas são eventos supralocais pela romaria de participantes que provocam.
Afinal, não pega bem cantar ou dançar enquanto pacientes esperam sua vez, horas e horas, nos postos de saúde. Nada disso impede a alegria do prefeito de Curitiba, ínsita no seu modo de ser e de festejar a vida, com o esparramado bom humor mesmo quando agredido pela patologia que atingiu seus pulmões. Pergunta-se "por que tanta secura", que lembra à de Sexta-feira Santa do passado em que o nosso pânico era o de engolir um mosquito enquanto nos dirigíamos à igreja rompendo com a abstinência do jejum impositivo e sacramental?
O pré-carnaval de Curitiba, que surgiu sem as bênçãos do poder público, com o agito de Sacis e Garibaldos, está confirmado enquanto o livro ouro segue à cata de colaborações. E os que têm muito pouco a reagir como a Acadêmicos da Realeza, que iria fazer no desfile uma exaltação a Chacrinha, mudou o enredo com o tema ´´Querem acabar o carnaval, mas eu não deixo!´´. Humor, gente, please. À moda do Chê Guevara que aconselhava endurecer sem perder a ternura, no caso o humor.

Censo
Se o PCC, como garantem as autoridades, tem dois mil parceiros só nas prisões do Paraná, dá para imaginar o poder de fogo dessa gente, mais fiel à causa do que a de grêmios políticos e ainda por cima dispostos a matar e a morrer, o que é um efetivo de guerrilha superior ao de Fidel, Guevara e Camilo Cienfuegos na conquista de Havana. Sem perder a concentração.

Mais delação
Como se já não bastasse a da Odebrecht, temos agora a megadelaçção da Camargo Correa que ameaça atingir a campanha presidencial de Alckmin em 2006. Como as empreiteiras daqui, ela se dividia em generosidades aos postulantes: R$ 2,4 milhões à reeleição de Lula e R$ 400 mil em favor do paulista. O governo paranaense não escapa dessas referências, mas alega que o fez dentro dos parâmetros legais. A que dá margem à investigação do STJ é a referência do delator da ´´Publicano´´ de que parte do dinheiro achacado de empresários irrigou a campanha da reeleição.

Desperdício
Prefeitura de Cascavel adquiriu 3.500 cadeiras da Arena da Baixada e verificou que pelo menos 1,9 mil eram inaproveitáveis face a um declarado erro de engenharia. Dá para imaginar que se ocorre uma anomalia como essa em obra tão portentosa como aquela, é de presumir-se que outros riscos as rondam como já se viu em megaestádios como o Maracanã e o do Corinthians.

‘Pedinchar’
No encontro com Rodrigo Maia, o deputado Luiz Carlos Hauly lembrou que se derem tudo o que estão prometendo para tirar o Rio de Janeiro do sufoco fiscal seriá indispensável conceder o mesmo a outras unidades federativas. Aí, se esse apetite não for contido, quebram o Brasil.

Ressentimento
Nas redes sociais estão malhando figuras de destaque do estafe de Rafael Greca por fatos ocorridos na vida empresarial. É muito difícil evitar num grupo de quem tenha atuado na iniciativa privada que não tivesse enfrentado adversidades. Muita inveja e ressentimento nesse caldo.

Exército
Todos os paradigmas estão sendo quebrados: Força Nacional não poderia e nem deveria intervir no interior dos presídios e agora se anuncia um afrouxamento da cláusula nesse governo federal em que o claudicar é o seu andar. Agora, mexem em outro tabu, que nem seria invocado em situação normal, o de que o Exército pode ser mobilizado na questão de encarar os presídios rebelados. Civis criam os problemas, depois jogam os milicos na fogueira. Se tal medida de reforço aos governos estaduais é de fundo intimidativo e psicológico, apenas prova o grau de perplexidade reinante. O quadro é inimaginável nos fatos e nas intenções. É algo, mal comparando, com um ataque contra as galés. "Remember" a paz nas favelas do Rio com a derrota do esquema militarizado. A exposição das Forças Armadas foi exagerada e inútil.

Folclore
Rafael Greca diz que a hora não é de cantar com pessoas na fila dos postos de saúde. Cantar, porém, o hino de Curitiba isso claramente pode, como ele faz com unção e alegremente.