Alerta sem paranoia
A ocorrência dos massacres nos presídios do Norte do País evidenciou que o Paraná, por sua posição estratégica e pelo fato de constituir-se na quinta população carcerária do Brasil, não pode, até pela experiência recente de tumultos em Curitiba, Londrina e no Oeste (Cascavel e Foz), subestimar a hipótese de ações das facções do crime organizado. Isso, porém, recomenda uma atitude de racionalidade, já que as medidas estruturais aqui adotadas, especialmente com a ida do Depen para a Segurança, reduziram em muito essas manifestações, posto que deixando claro que o ganho em prevenção significou perdas na ação de ressocialização tanto na parte de trabalho, a mais deficiente, quanto na de educação dos encarcerados.
O fato de algumas expressões dessas falanges estarem em presídios nossos obriga a ampliar, o máximo possível, o raio das ações dos serviços de inteligência para um monitoramento efetivo já evidenciado, por exemplo, no fato de termos detectado na comunidade de informações fatos apurados, com razoável antecedência, quanto à ocorrência de Manaus. O que não podemos é viver num clima psicossocial de paranoia como se as omissões até aqui acumuladas da parte do poder público não tivessem qualquer perspectiva de reversão e mais do que notícias sobre novos presídios, ações do CNJ para rever a contingência de presos sem processos conclusos e também a promiscuidade daí decorrente no convívio de pessoas de menor potencial ofensivo com as facções beligerantes, urge alguma mensagem que não se traduza em pânico ou perplexidade, como tem ocorrido, da parte da autoridade. É que aí, como em outros episódios da vida brasileira, fica demonstrada a subjugação do princípio da autoridade sobre as formas de exercitar a liberdade.
O crime não se contém, como se viu agora no ataque ao carro blindado em Morretes, mas o pior é a elasticidade de movimentos das facções, envolvidas em retaliações sangrentas e bárbaras, como a de Boa Vista, porque elas são operadas por gente confinada em aparatos estatais dentro e fora do cárcere.

Obstáculos
Primeiros obstáculos aparecem para Rafael Greca, além da questão de sua saúde: atritos na área do transporte urbano já erigiram as primeiras greves e apontam que não será fácil restabelecer a integração metropolitana se não for dada resposta à alegada quebra do equilíbrio. Ocorre que a Justiça está concedendo liminares em favor do cartel justamente por esse alegado motivo e nem a Urbs e muito menos a Comec parecem estar bem habilitadas a uma resposta satisfatória e parecem justificar o apelido de "sertanejo universitário", tal a impropriedade das respostas.
Já em fevereiro teremos um trauma na renovação do contrato coletivo de trabalho de motoristas e cobradores, isso sem falar em outros itens da planilha técnica que podem impor uma tarifa alta que restabeleça a ideia de que quanto mais elas sobem menor é a clientela de usuários, algo que está a exigir avaliação pericial para que as coisas não fiquem na dependência de acomodações como as que sustentam a cultura viciosa do sistema, visível em concessões como aquela que soltava grana na mão do sindicato obreiro para ele providenciar a aquisição de cestas básicas distribuídas aos associados ou a outra, essa em favor do capital, que extraía na passagem o imposto de renda das empresas. Caso de polícia, de Lava Jato, no mínimo.

Farpas
Dois estafes – e até não deixam de lembrar estafetas - do prefeito que entrou e do que saiu entram em polêmica nas redes sociais agora em torno do atendimento ou não das demandas do telefone 156. A gestão atual afirma que até aqui já se apurou que 46 mil reclamos deixaram de ser atendidos. Aí, o estafe do anterior responde que bateu todos os recordes na área. Enfim, um belíssimo exemplo de informação nenhuma.
Precisamos evitar que o clima de factoides, que toma conta do ambiente prefeitural, chegue até nós por afinal não ser da nossa tradição. Remoção de guarda volumes da Praça Osório, feito para agradar moradores de rua, em nome da recuperação de praças e jardinetes até dá para assimilar. Menos, por favor.

Avanços
Nada menos de R$ 2 bilhões em autuações contra empresários envolvidos na Publicano foram alcançados pela força tarefa da Corregedoria da Receita Estadual em função das operações do Gaeco. Foram 120 autuações contra 182 empresas que redundaram nos mais de R$ 2 bi. Há um esforço para o enfrentamento da denúncia de que foram drenados recursos dessa movimentação toda para a campanha de reeleição de Beto Richa, tema ainda não abandonado e sob investigação do STJ. Há informes de que outros setores do governo, já denunciados, embora protegidos pelo foro especial, estão enrolados também no processo de desvio das construções escolares da Quadro Negro.

Folclore
Nas relações dos ônibus de Curitiba, o capital normalmente age acoplado e não em luta com o trabalho, onde as greves sempre guardam um jeitinho de locaute, tal o interesse patronal.