Privacidade zerada
Conforme estudos de mestres da Universidade de São Paulo não existe proteção à privacidade dos cidadãos nos programas de nota fiscal, adotado em mais de dez Estados e um deles bem alardeado no Paraná. Trata-se de um estímulo para a exigência da nota de compra com vias de reduzir a sonegação compensando-a com a devolução de parte do ICMS. Sensores dos Estados vão muito além do necessário coletando mais que a identificação dos itens adquiridos como quantidade e marca, local da aquisição, nome da loja, dia e hora exata, enfim massa de informes sobre qualquer consumidor.

No estudo dos professores Jorge Machado e Bruno Bioni, "A proteção dos dados pessoais nos programas de Nota Fiscal", fica demonstrado o primarismo nosso e dos dirigentes pelo fato de inexistir qualquer proteção a esses dados e não se informa como eles são usados, analisados e protegidos. Imaginem se tais listagens, como se dá com usuários de estatais, puderem ser livremente negociadas como ocorre com cadastros de clubes, sindicatos. Se a cessão existe, por quanto tempo são guardados ou se há a perspectiva de pedir que sejam apagados ou retificados.

Face a inexistência de clareza, os pesquisadores enviaram um questionário de 26 perguntas ao governo paulista por meio da Lei de Acesso à Informação e entre as questões invocadas quiseram saber se os dados podem ser cedidos à Receita Federal para revelar sonegadores ou se podem ser acessados pela polícia com ou sem ordem judicial.

Em termos de clareza e respeito à cidadania seria exigir no mínimo ou o consentimento do usuário ou uma autorização judicial prévia para compartilhamento com outras autoridades.

A massa da cidadania é possivelmente manipulada e por uma instituição, no caso da nossa fazendária, com parte ponderável da sua hierarquia fiscal superior envolvida em operações nada condignas com alguns deles praticamente condenados à prisão perpétua. Para o Estado todas as garantias, para a cidadania nenhuma. E ainda se fala que somos liberais e crentes na ordem democrática de direito.

O Paraná fez experiências em programas anteriores de nota fiscal sem o detalhamento de informações do atual. Num deles, fim dos anos cinquenta, com "Seu talão vale um Milhão", tivemos um quebra-quebra na denominada guerra do pente em que um contribuinte ao exigir nota fiscal de um pente, sem fundamento já que a compra era de oito cruzeiros quando o mínimo para exigi-la era de cinquenta, Curitiba acabou sitiada por três dias, o que só terminou com a intervenção de tanques do Exército. Ali o equivoco era do comprador nervoso, agora o desrespeito se dá em nível mais sofisticado, o da proteção à privacidade.

O ônibus
O tal ônibus da Volvo que foi usado na posse de Rafael Greca é um produto da última linha da empresa sueca em escala internacional como novidade tecnológica. Em comodato é usado e projeta um avanço da empresa que tem unidade aqui assentada, há muitos anos, e produtora dos nossos ônibus, articulados e biarticulados, e também de caminhões pesados. Tem sentido simbólico como um desejo da prefeitura de continuar inovando inclusive na renovação de frotas que o cartel tem impedido com ações judiciais, o que vem degradando o sistema.

Quanto ao restabelecimento da integração metropolitana ela não se fará imediatamente como se prometeu, mas provavelmente em julho, precedida de estudos e repactuação, portanto bem depois do reajuste das tarifas que se dará necessariamente em fevereiro em decorrência do contrato coletivo de trabalho de motoristas e cobradores.

Foragido
O advogado Marcelo Araujo é considerado foragido pela polícia judiciária no processo que mantém sob prisão o popular Chik Jeitoso, acusados de ações de extorsão contra empresários e gente do mundo do espetáculo do teatro e televisão.

Praia
O horror das praias paranaense é novamente a ação das águas vivas: segundo os bombeiros há registros de mais de mil queimaduras por dia.

O time do Ricardo
Perdida a eleição em Maringá, seu núcleo básico, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, esteve presente com a esposa, a vice-governadora Cida Borghetti, na posse de Rafael Greca, de cuja campanha participaram por meio principalmente da filha, deputada Maria Victória. Sinaliza que Cida assume o governo e disputa a reeleição, o que pode entrar em choque com fórmulas imaginadas por richistas como a de apoiar Osmar Dias.

Folclore
A respeito da guerra do pente, o repórter da Rádio Cultura, Abílio Holzmann, dizia que enquanto o povo era espaldeirado nas ruas havia uma festa na mansão dos Caluf celebrando a sagração do filho, o padre Emir. Aí a escumalha foi lá e atirou uma pedra no carro do comandante da 5ª Região Militar. Em seguida os blindados que vinham do Quartel do Boqueirão tomaram conta das ruas que a PM não controlava em três dias de sítio.