Surto de metáforas
Rafael Greca mandou adiar a Oficina de Música num suposto temor de que faltem recursos pra saúde, Gustavo Fruet decretou recesso para os funcionários que ganham isso, como de resto se deu com barnabés estaduais, mas não recebem o terço de férias. E, agora, culminando com o furor das metáforas, Greca puxa concretamente o tapete de Fruet e vai usar outro para a solenidade dominical de posse.
Nada disso tem, por exemplo, a força do Jânio Quadros, como prefeito eleito de São Paulo, espanando a cadeira que Fernando Henrique Cardoso usou como que saboreando vitória que não houve. Enfim, somos da segunda divisão, da série B, até no cotejo de imagens e gestuais.
Enquanto isso, na terceira melhor cidade do mundo, segundo o arquiteto de Nova York que bajulava seu amigo e colega, Jaime Lerner, no seu aeroporto internacional que fica em São José dos Pinhais, um cidadão de Francisco Beltrão, ao tentar proteger seu cãozinho que fugiu, levou uma picada de jararaca, no entorno do melhor receptivo do Brasil, segundo pesquisas da Agência Nacional de Avião Civil. O fato se deu a semana passada e o paciente foi posto fora de perigo ao permanecer por 24 horas numa Unidade de Pronto Atendimento local. Estamos, assim, fadados a sermos soterrados por um tsunami de metáforas.

Um parto
O porto de Paranaguá é um parto e ontem pela manhã não tinha sequer energia, tudo em função do vendaval que atingiu a cidade e recriou as filas de caminhões.

Contrabando
A polícia botou a mão em contrabando valioso de vinhos e camarões da Argentina ontem na região de fronteira: 1.400 garrafas e três toneladas do crustáceo.

Viralizou
Uma cena toma conta da internet: a do cidadão que dá um show na avenida principal de Guaratuba em manobras como arriscadíssimo "cavalo de pau" e o faz justamente diante da Polícia Militar e, consequentemente, é preso. Está aí história com começo, meio e fim, um caso clássico de piada pronta.

Ainda imagens
De todo o festival de imagens, a mais comovente foi a do servidor da Polícia Rodoviária que orientou a mãe a cuidar do bebê de quatro dias que se afogara com o leite. O herói agiu com tanta naturalidade e segurança que tinha jeito de rotina como se aquela instrução de como proteger o recém-nascido naquelas circunstâncias fosse o seu ritual cotidiano.

Expectativas
Além da imediata restauração do sistema metropolitano de transporte coletivo, que alguns acreditam que virá no primeiro dia com a linha CIC-Colombo, há grandes perspectivas, por exemplo, na área de saneamento: seria reativado o convênio entre Sanepar e prefeitura que faria uma cruzada contra os que jogam esgotos em áreas em que a ligação já existe para o enquadramento dos infratores em crime ambiental. Isso fará lembrar a frase clássica e definitiva de Rafael Greca sobre o tema: rio não caga, mas todos, quase todos, defecam nele.

Mais imagem
O presidente Michel Temer, em ofensiva para reduzir o fosso que o separa do público, cancelou anteontem uma licitação de sorvetes e tortas para avião que custaria a bagatela de R$ 1,7 milhão. É o varejo (melhor que a mosca varejeira) da austeridade.

Pergunta devastadora
A ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça Eliana Calmon, que vivenciou os melhores momentos da causa pela consolidação do sistema de controle externo do Judiciário, fez uma pergunta embaraçadora para dizer o mínimo: "Delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação". E já há algumas referências a ministros.

Ainda se batendo
Batendo-se muito para encontrar saídas para a crise, o governo anunciou a medida provisória que permite aos lojistas para diferenciar seus preços conforme o meio de pagamento: é mais um ato cujos ganhos dependerão dos comerciantes e dos cartões. Aliás, esses são uma das preocupações por causa dos seus juros siderais. O estilo é assim: cutuca, cutuca, mas deixa o bisturi de lado. Por que isso provocaria a queda de preços é a questão. Guerrear a moeda de plástico, em que pese seus malefícios explícitos, a essa altura, parece uma inutilidade: é, outra vez, uma tentativa de baixar preços pela eliminação do intermediário, no caso as operadoras de cartões. Que não venham, na sequência, os fiscais do Temer como tivemos os do Sarney.

Folclore
Houve um tempo no Brasil em que havia organismos como a Cofap (Comissão Federal de Abastecimento e Preços), capitaneados nas províncias pelas Coaps (Comissão Estadual de Abastecimento e Preços). Depois, a coisa ficou mais rigorosa: tínhamos os júris de economia popular onde comerciantes eram punidos pelo dedo na balança, infração de tabela. Num dia, na Câmara Municipal, um mais intelectualizado explicava que tudo decorria da lei da oferta e da procura ao que um deles, veementemente, observou: "Por que não a revogamos?".