Acordo distante
É provável que a decisão de manter a greve nas universidades estaduais crie um bloco resistente ao acordo com outras categorias, já que a Polícia Civil se mostra impermeável também à adesão. Algo tão complicado como é a prisão de Eduardo Cunha para o Planalto. Aquilo que parecia um gesto autocrítico e criativo da parte do Palácio Iguaçu é frágil e não contribui para qualquer avanço.
Os professores da rede pública já haviam alertado que, mesmo na hipótese de suspender transitoriamente a greve, retornariam com força redobrada se até o fim de novembro não se vislumbrar sinais de aproximação entre as partes. Aliás, o governo estadual já sinaliza que se o cenário persistir, em termos fiscais, será inevitável o fim do reajuste em torno do qual é reincidente específico e genérico. Uma semana que parecia encerrar-se com boas perspectivas, ao menos de descompressão, aponta para um horizonte mais enfarruscado do que o da meteorologia, esse também com uma boa contribuição para os problemas sociais com tantos desabrigados. ´

Liberticídio
A ocupação dos colégios se deu com a maior naturalidade em nome do sagrado direito de manifestação: não se viu nenhum gesto defensivo das instalações escolares por parte de suas diretorias e zeladorias. Como se deu agora em função da Medida Provisória do Ensino Médio poderia, a qualquer tempo, se dar por outro motivo, inclusive o da merenda ou quem sabe até das más condições das edificações ou da falta de segurança.
Da mesma forma que se aceita como normal o entorno das escolas, não apenas das periferias, tomado pelas gangues do tráfico, admite-se com a maior naturalidade um ato de sedição e de violência inscrito nos decálogos dos direitos sacralizados como inerentes à dignidade humana. Não apenas as pessoas, mas as instituições também enlouquecem. Confunde-se de novo, como se dava no início da abertura lá por 1983, democracia com democratismo expresso nesse assembleísmo sem limites. No passado, José Richa deu uma lição magistral quando mostrou as deformações conceituais entre uma coisa e outra e ele quem mais avanços deu em liberdade e exercícios de participação perdeu a paciência com os radicalismos, chamando-os à reflexão.
A própria Justiça Eleitoral para trocar áreas eleitorais alvo de ocupações em escolas se viu impelida a despender R$ 3,5 milhões nessa operação e como se isso não bastasse para dar a dimensão do absurdo temos ainda a ameaça sobre os exames do Enem. Tolerância demais.

O aval
O aval da União para empréstimos (angustiada reivindicação) internacionais posto que centrada numa melhora fiscal em nada contribui para o impasse com o funcionalismo pela resistência de vários segmentos (universidades estaduais, Polícia Civil) e também não melhora a imagem oficial, afinal as despesas continuam crescendo mais de 10%, enquanto a receita, com "CPF na nota" e tudo mais, sobe pouco mais de 1,5%.
Se com o aperto fiscal, represamento de dívidas como a das promoções e progressões em mais de quatro anos (a essa altura orçadas em meio bilhão) a situação persiste anômala, é que o governo está mais perdido que bebum em tiroteio. Não conta com a credibilidade da eficiência na intervenção e monitoramento. Num artigo na ´´Gazeta´´ o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, argumentava que aprendeu na vida familiar que só se faz dívida nova quando se paga as antigas, o que soa pouco simétrico ao que está acontecendo.

Coleta vegetal
Volta e meia é um serviço público que entra em greve, agora o da coleta vegetal, sob a alegação de que a prefeitura não paga os prestadores de serviço. Isso já se deu com a coleta do lixo e o Instituto Curitiba de Informática. E fala-se que o município, imitando o governo estadual, vai pegar mais recursos do fundo de pensão a pretexto de acertar suas contas. É o caso de perguntar-se: há meios de proteger esses fundos de pensão da gula oficial? Também os demais fundos da Petrobras, Banco do Brasil, Correios, Caixa Econômica passam por situação parecida por mediação da classe política. Como protegê-los?

Ação popular
Uma ação popular do advogado Paulo Rocha Loures contra a Fundação Cultural de Curitiba tenta mexer nos tais objetos artísticos da Casa Klentz que estariam na chácara de Greca. Nunca se viu tanta retaliação em processo eleitoral como se vê em programas do TRE. É mais desagregação pessoal do que análise das coisas da cidade.

Folclore
Manchete do jornal "A Tarde", de Protásio de Carvalho: "Tensão na fronteira russo-chilena". Obviamente, o foco era na fronteira russo-chinesa. O "Estadinho" deu a morte do líder iugoslavo Tito um ano antes.