Greve didática
A arregimentação de ontem no Paraná e em vários pontos do país pelas centrais sindicais e movimento social é uma espécie de ensaio de orquestra para um velho objetivo, nunca alcançado, da greve geral. Várias tentativas bateram na trave, a última delas pela redução da jornada de trabalho. Atualmente, o temário é mais rico e centrado na hipótese, já na área da paranoia (por culpa de um governo sem histórico e sem substância), de redução drástica de direitos sociais em mexidas na Previdência e Consolidação das Leis do Trabalho.
Junta-se ao "Fora, Temer" aquilo que realmente ameaça diretamente os trabalhadores em quaisquer restrições que possam ser adotadas em nome da austeridade e o teaser de "nenhum direito a menos" é colocado como plataforma social. De outro lado, a insegurança dos ministros em suas declarações sobre qualquer tema administrativo (o marcante foi o de uma intervenção indevida de Gedel a favor da descriminalização do caixa dois) ou político revela ausência de pegada, especialmente, para um momento de expectativa de mudança. Como o segmento do trabalho tinha especial relevância (às vezes apenas aparente) nas relações de governo, a perspectiva de um distanciamento anima a mobilização e a torna indispensável ao conjunto da sociedade.
Em gestação coisas absolutamente inapropriadas à cultura brasileira como a pretendida hibernação dos vencimentos de servidores públicos por dois anos que salvariam gestões quebradas, como as do Paraná e daquelas vinte unidades do Nordeste e Centro-Norte que ameaçam repetir a chantagem do Rio em plena Olimpíada com a decretação formal de calamidade pública.

Estupros
Discutiu-se muito a tal cultura do estupro e as nossas estatísticas indicam que estamos longe de níveis de civilidade com nada menos de três casos em dois dias. O aparato repressivo é precário e o esforço de prevenção frágil à falta de uma doutrina forte, que é uma das maiores carências detectadas.

Medalha de prata
Curitiba já teve a medalha de ouro da inflação por algum tempo, depois caiu para a de bronze e perdeu, felizmente, destaque. Pois agora em setembro volta à medalha de prata em função da alta dos hortifrutigranjeiros. Os números: 0,123 nacional, 0,45 em Curitiba.

Robô ocioso
Há 13 anos no Tecpar (que saudades dos tempos da instituição que o precedeu, o IBPT, Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas), um robô caríssimo sem qualquer utilização e apto ao processamento de vacina antirrábica. Técnicos do Tribunal de Contas registraram o exemplo marcante de desperdício, já que teria custado originalmente R$ 6 milhões. Se o TC sair atrás de exemplos equivalentes, vai ter um prato cheio. O abandono do Ginásio de Esportes do Tarumã (a glória sob Lerner com o vôlei do centro de excelência Rexona, so comando do Bernardinho), de Requião para cá é um desses exemplos chocantes de desídia e irresponsabilidade.

Queda
Surpreendente a queda no número de mortes por atropelamento no Paraná entre este ano e o passado: 17% a menos.

Competitividade
O Paraná, por dois anos sucessivos, ganhou o prêmio de expressão nacional como segundo lugar em competitividade. O mérito é da unidade político-administrativa e do conjunto de sua economia e não do governo, ela em nível muito superior à gestão pública. Tanto no caso paranaense como no de São Paulo, que levou a primeira colocação, não espanta que os respectivos governos estejam quebrados na perspectiva fiscal e com uma louca vontade, ainda que constrangidos, de se juntar àqueles vinte colegas do Nordeste e Centro-Norte que ameaçam a União com um ato de calamidade pública para arrancar mais dinheiro federal como fez o solerte Rio de Janeiro. Por essas e por outras, é que o governo Temer não sai da areia movediça: como conter tanta compulsão justamente dos que voluntariamente quebraram, levando como no caso paranaense até o fundo de pensão dos servidores estaduais que era um dos mais saudáveis do Brasil e soçobrou. Aliás, o dos servidores municipais de Curitiba também foi pras cucuias com a drenagem de recursos, em mais de R$ 200 milhões, para a prefeitura.