Permeável demais
Um governo permeável à corrupção. É o que se pode dizer da gestão Beto Richa ante os numerosos casos de desvio. Obviamente, é preciso considerar que nunca tivemos uma ação tão detida do Ministério Público estadual, via Gaeco, em anomalias e já temos a primeira sentença das muitas que estão por vir na operação Voldemort e que atinge a figura do parente distante Luiz Abi e que aparece com destaque também na Publicano, aquela da gangue fiscal e que verteu mais de um bilhão de reais.
O pior em tudo não é o parentesco, mas a proximidade afetiva dos atores como se dá com alguns íntimos que jogavam tênis ou participavam de manobras automobilísticas e aparecem nos processos da Quadro Negro e da Publicano, o que revela um desconhecimento da natureza dessas pessoas, o que já se notara no caso do seu chefe de gabinete, quando ainda deputado, o Ezequias Moreira, e que tomava dinheiro da sogra funcionária fantasma e se mantém protegido pelo escudo do privilégio de foro.
O mais grave é que tudo isso ocorre numa situação fiscal delicadíssima, aprofundada pela má gestão e a prodigalidade gastadora, nada compatível com os efeitos eleitorais e suas vitórias tanto para a prefeitura da capital como para o governo estadual. É de pasmar a constatação de que a vivência das urnas não seja suficiente para a autoridade não ter um mínimo dessa intuição, que a vida dos embates confere, em relação com os que convive para detectar sinais de alerta.
Algo, porém, se pode dizer em favor do governador: num momento de aguda crise, quando seu secretário de Segurança porfiava com o Gaeco em torno do revezamento dos seus quadros, teve intervenção decisiva em defesa daquele braço do Ministério Público e nada fez para obstaculizar seus procedimentos. Tanto que aí está a primeira das sentenças condenatórias em fatos ligados ao seu governo.

Tragédia na BR-277
Finalmente, a polícia científica concluiu seus trabalhos sobre a tragédia da BR-277 com seis mortos e oito veículos deflagrada por um caminhão tanque que estava a 123 km por hora, quando a velocidade máxima no trecho era de 60 km. A fundamentação técnico-pericial instruirá as ações que se seguirão para apurar responsabilidades criminais e indenizatórias.

Ribeira
Quando do cerco do Vale da Ribeira, ainda no regime militar, por causa do foco guerrilheiro do capitão Lamarca, houve o bloqueio tanto da BR-116 e da BR-476 que isolou a ligação ASul-Sudeste e se discutia, estrategicamente, alternativas possíveis para a contingência. Pois ontem a estrada da Ribeira, em função de um acidente sofreu um bloqueio de quatro horas, dadas as precárias condições da rodovia. A BR-116, antiga BR-2, foi tocada em ritmo avassalador na gestão de Juscelino Kubitschek, todavia teve alterações com o regime de águas já que a diretriz do caminho se dera em área virgem, sujeita ao transbordamento de rios e o surgimento de áreas sequenciais de areia, impondo a necessidade de obras de arte.

Explicações
Como é que um governador se comunica tão bem com os eleitores e o faz tão mal com a classe empresarial? É o que se dá neste momento com o novo ajuste fiscal. O secretário Mauro Ricardo Costa, da Fazenda, insiste em que nenhuma medida do processo implica em mais carga tributária e que há manifesta deturpação dos intentos oficiais, negando, por exemplo, que se pretenda taxar minerais não metálicos. A ausência de unidade nesse processo está levando a um radicalismo inconsequente, dispersando tempo e energia. Pretende-se ainda no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça deixar tudo esclarecido.

Até hoje
Alguns brazilianistas entenderam que a intervenção militar de 1964 foi uma revolução e a fundamentaram nos conflitos de rua: comício das reformas de um lado e a marcha com Deus e a Família pela Liberdade de outro, o mito das barricadas testado. Os adversários insistiram que havia um golpe comandado pelo Estado Maior das Forças Armadas e diante do fracasso do gabinete militar de Jango (general Assis Brasil) que nada captava enquanto milicos viajavam de um lado para outro. Quando o golpe é a favor de quem ganhou, como se deu no impedimento de Carlos Luz em 1955, a democracia foi vitoriosa, já que assegurou a posse, supostamente ameaçada, de JK, por obra e arte dos generais Lott e Odílio Denis. E assim será agora com os derrotados gritando que foi golpe, tentando marcar posição histórica.

Folclore
No sepultamento de Vitor Ferreira do Amaral, quando se esperava que o corpo do fundador da Universidade Federal baixasse à tumba, o médico Tarcisio Gazire, dramaticamente, interveio no meio da multidão brecando a solenidade. E veio aquele discurso de que não morre aquele que vive em nossos corações e em nossa memória.