Olimpíada fiscal
Apesar do triunfalismo interno, ainda vigente em junho, quando eram visíveis sinais do atoleiro fiscal, uma publicação técnica do Tesouro Nacional mostrou o Paraná em posição negativa com o código C+ (fraca na conceituação), pior do que 21 unidades federativas, mas logicamente melhor que as mais calamitosas do Rio de Janeiro (houve o decreto inevitável de calamidade pública), Alagoas, Minas, Rio Grande do Sul e Goiás. São Paulo, logo em seguida, a esses ´´lanterninhas´´, teve extrema dificuldade em obter R$ 640 milhões da Caixa Econômica a obras do metrô e o Paraná às turras com os tais empréstimos que não saíam nem a pau.
Essa a olimpíada fiscal e que explica a situação de desespero que motivou o pacotaço que, ontem, ainda tramitava na Comissão de Constituição e Justiça na Assembleia, depois do incidente do dia anterior que colocou o presidente da Casa em choque com o da Fiep, o que é muito saudável para nossos rituais de cordialidade e acomodação. Agora temos o tzar Mauro Ricardo Costa a defender o pacotaço como está por sua urgência e parte dos deputados a pleitear um fatiamento para evitar uma pizza, o que aparenta contradição em termos. Afinal, prevaleceu o fatiamento em seis projetos e uma esforço tremendo para mudar a imagem de pacote que, afinal, em linguagem policial e resumida lembra o conto do paco, forma das mais primitivas de estelionato.
Quem se sai em primeiro lugar na olimpíada fiscal é o Pará (A+ muito forte) e se candidatam à medalha de prata várias unidades com nota B como Amazonas, Roraima, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Rondônia. A esperança de que o Planalto ainda congele ganhos de barnabés dos três níveis não se dissipou e essa era a maior aposta do governo Richa que provavelmente abateria, em pleno voo, sua candidatura ao Senado como descompensação.

Esquentou
O debate da Band foi um aquecimento entre os oito candidatos a prefeito (prazos para a impugnação de candidaturas se extinguiria ontem) e a pesquisa Ibope, divulgada no início da noite, deu uma mexida no cenário eleitoral. No debate, os melhores aproveitamentos foram os de Ney Leprevost e Tadeu Veneri.
Um questionamento que poderá permear toda campanha está no caso de Rafael Greca, segundo ação judicial do chefe de Gabinete de Fruet, MacDonald, na irregularidade de sua aposentadoria no Ippuc e na percepção indevida de cargo em comissão no Senado. Assunto no qual se tenta colocar uma lupa como foi também a exploração da disponibilidade em função pública da primeira dama do município. Mesquinharias não chocam e não colam.

Vice gratuito
Não tem nada a ver com o caso Temer, mas quem sabe haja algo a ver com a atual substituta do prefeito, Mirian Gonçalves, mas a iniciativa de um vereador do PSB cortando os ganhos do vice provocou polêmicas na Câmara Municipal. Alegava-se uma economia de R$ 680 mil anuais que pelo jeito não compensa e tem tudo de mau humor. Mais mesquinhez.

Pré-café
O ciclo cafeeiro no Paraná esteve no começo ameaçado por uma pretensão inglesa negociada com o governo Vargas para trazer um contingente de curdos para o setentrião o que provocou reação insólita do jornal ´´Gazeta do Povo´´ e a rádio, a terceira do Brasil, a Prb-2, a Clube, numa investida de etnofobia. O processo foi modificado com as ações da futura colonizadora voltada ao café e que sacramentou uma experiência de reforma agrária para valer e sem demagogia. Na série de Memória Histórica do Bamerindus, hoje sob cuidados do Museu da Imagem e do Som, há uma entrevista do intelectual Newton Issac Carneiro com detalhes sobre a temática.

Mais crise
Um atrito institucional grave entre o STF e a Procuradoria Geral da República em torno de vazamentos da pré-delação da OAS (Léo Pinheiro) e que comprometeriam o ministro Dias Toffoli determinou a suspensão do processo. O fato é que não se trata do primeiro caso com referência a ministros da Suprema Corte. Adversários da Lava Jato apostavam nessa hipótese que poderia se dar a qualquer momento para romper a linearidade processual e obter aquilo que se tenta, desde o início, melando as ações punitivas. Reversão é impossível, mas o trauma não pode ser subestimado. Não se pode falar em vazamentos quando tudo sai aos jatos.

Folclore
Certa ocasião Moysés Lupion afirmou que não poderia se preocupar com o que falavam dele na Travessa (Oliveira Belo, onde havia o Café Alvorada, início da Boca Maldita). Tivemos, no entanto, na gestão de martírio de Pedro Viriato Parigot de Sousa, que enfrentava um câncer, a sua ida à Avenida Luis Xavier quando eram frequentes os boatos de que outras pessoas assinavam por ele os decretos. Uma situação dramática, a do grande estadista, um dos maiores que tivemos, como se estivesse a expirar. Lembro que o "teaser" de sua gestão que substituiu a de Leon Peres cassado era "O Paraná é um dever: vamos cumpri-lo".