Modelando o caos
É possível que de repente a maioria legislativa imponha o tal do orçamento impositivo (haja redundância) com suas emendas que completarão a estética do caos que toma conta do Paraná há razoável tempo com a irracionalidade predominando e de tal forma que esse tipo de exigência não soaria estranho, mas ajustado ao modelo. É claro que tanto o presidente da Assembleia, Rossoni, como o líder do governo, Ademar Traiano, tentarão operar como bombeiros, uma vez que o assanhamento é geral na maioria dos deputados.
O modelo de gestão financeira (que operava enquanto PMDB e PSDB, sua versão encabulada, não eram governo) entre as secretarias de Fazenda e Planejamento, essa responsável pela coordenação, garantia o equilíbrio, hoje inexistente. Tais pressões como as do Judiciário (alta do Funrejus em 50%) mais a de grupos organizados como o das categorias funcionais (professores, principalmente) vão ampliando a anomalia de uma gestão autofágica que arrecada para gastar e tende a operar no vermelho como normalidade.

Racha
Num momento em que o cartel dos ônibus deveria manter a unidade diante das circunstâncias (CPI, ameaça de anulação da licitação e de baixa na tarifa) está profundamente dividido: parece ter descoberto a óbvia hipertrofia do grupo Gulin no sistema com uma participação superior a 70% e fato não corrigido pela câmara de compensação. O racha é brabo e deve influir no relatório da CPI, já que o trabalho do vereador Pessuti é posto em dúvida na condição de possível conciliador por opor-se a radicalismo como o de pleitear a anulação da licitação mas adotá-la por via judicial.
De outro lado há um temor especial quanto possível intervenção do Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que poderia detectar elementos de quebra de competição e bagunçar ainda mais o coreto.

Revide
Decisões judiciais que anularam o feriado de ontem em Curitiba e Londrina serviram para dar um tom mais intenso, emocional e ideológico, à data. A programação cultural, inclusive a lavação das escadas da igreja dos pretos de São Francisco, era intensa e se enriqueceu com a tonalidade inconformista.
Democracia é assim: quando há inconformismo com decisão judicial (e isso está vivíssimo no caso do mensalão) há a saída do protesto que de repente é bem mais relevante do que o feriado. Aliás muitas instituições como a UEL e UFPR celebraram a data com ponto facultativo.

Contrabando
O comércio chiou com a substituição tributária aplicada a bebidas, alegando que os custos se tornaram proibitivos. É que junto com ela os rigores da lei seca reduziram o movimento de restaurantes, bares e bistrôs. E anteontem a polícia fechou uma fábrica de falsificação de bebidas em Curitiba.

Folclore
Consta que o magnata Fontana, em viagem ao oeste-sudoeste, deu entrevista numa rádio de sua propriedade. Aí o repórter, no fecho da conversa, declarou "os microfones são todos seus". Repique do entrevistado "e a rádio também!".

Heróis
Muitos desses heróis, vítimas da repressão de 1964, lembram os heróis de agora do mensalão: como se vê a soberba não é só de quem derrota, pois às vezes ela é maior nos derrotados, simplesmente porque se creem vencedores e, sobretudo, mártires de uma causa, da qual depende o futuro da humanidade.

Ministério
Quando aparecem as homenagens a João Goulart dá para lembrar que o seu ministério, aquele derrubado pelo golpe, foi um dos mais qualificados da história brasileira com Santiago Dantas, Hermes Lima, Celso Furtado, Evandro Lins, Eliezer Batista, Darci Ribeiro entre outros. Quem me lembrava isso, outro dia, foi o desembargador aposentado Tadeu Loiola, ex-presidente do TJ.