Entrou pelo cano

A Sanepar como a água entra pelo cano, mas o problema é a saída, o efluente. Ganhou, ontem, por artes da Polícia Federal, a medalha de ouro da poluição dos nossos rios. Assunto manjadíssimo quando recentemente se comprovou que os palácios dos três poderes no Centro Cívico não estavam ligados à rede de esgotos e os lançavam, crus, diretamente no rio Belém. A nobreza de origem dos
dejectos não lhes retirava a condição essencial de matéria fecal.
Não adianta, portanto, alegar que a qualidade da água que consumimos é de alto padrão, conforme exigências da Organização Mundial de Saúde, o que aliás é tradição de muitos anos. A problemática é o esgoto, pouco tratado.
O curioso é que ambientalistas fizeram um furor, quando da construção da barragem do Iraí e até conseguiram brecar a obra (a alegação era de um senhor de sotaque estrageiro mais acentuado do que o do Rischbieter que dizia estar o ''macuquinho do brejo'' sob ameaça de extinção) antes do Relatório do Impacto do Meio Ambiente e raramente questionavam a qualidade da água dos nossos rios nas quais já foram detectados vestígios de metal pesado, mercúrio, inclusive nos represamentos das hidrelétricas do Iguaçu no tubo digestivo de espécies de peixes da profundidade.
Nossos governantes, de muitos anos, serão fichas sujas a posteriori porque se trata de um passivo ambiental secular. A primeira e grande obra de saneamento em Curitiba foi no governo Canet Júnior.

Mais um da terra

Depois do Pizolatto, que foi até candidato a governador pelo PT, temos agora o José Borba, prefeito de Jandaia do Sul, outro paranaense condenado em função do mensalão. Na fila o Emerson Palmieri.

Contrato

Vejamos a utilidade do badalado contrato de gestão de Beto Richa que na prefeitura, melhor organizada, tinha sentido: como cobrar da Sanepar de agora em diante metas de despoluição dos rios, algo tão temerário como fixá-las para indicadores de violência e para o desequilíbrio fazendário que revela o Paraná no vermelho.

Vigarice

Se o usuário paga taxa de esgoto e não é beneficiado pelo serviço a quem reclamar? Ao Procon, do governo, ou ao Ministério Público? Aí, por exemplo, haveria espaço para uma agência reguladora, desejada corretamente por Taniguchi e hostilizada pelo PMDB.

Folclore

Falando em esgotos nos rios me lembrei de uma cena da vida literária: o pastor e mestre de agronomia na Universidade Federal, Ernesto Luis de Oliveira, usou, didaticamente, a palavra ''bosta'' numa palestra a lavradores da Lapa e foi censurado por um editorialista por causa da expressão. Oliveira não se mancou e escreveu um dos bons capítulos da literatura paranaense ''O elogio da bosta'' como sátira a Erasmo de Rotterdam de ''O elogio da loucura''.

Tardio

O ex-prefeito José Joaquim Ribeiro, de Londrina, estaria livre de todos os constrangimentos se tivesse renunciado antes da ordem de prisão.

Discussão

Boa a discussão sobre omissões da Sanepar e das ações da Copel (como a de se meter em licitação rodoviária). É um exercício de democracia e respeito aos acionistas das empresas e contribuintes de um modo geral.