Os escândalos políticos que mais uma vez abalam a nossa cidade reforçam uma certeza para a maioria da população: é preciso passar Londrina a limpo.
Está na hora de abrir os olhos de nossas lideranças políticas. O povo honesto é majoritário em nossa sociedade, e não aceitará os malfeitos, desmandos e parasitismos no poder público. A corrupção não vai encontrar solo propício em nossa terra. Chega!
Sim, os recentes casos nos envergonham. Mas nos envergonharia muito mais dar as costas à realidade e fingir que nada aconteceu. A corrupção é uma vergonha; vergonha maior é aceitá-la como natural ou procurar escondê-la. Temos vergonha dos corruptos, mas temos orgulho de nossa indignação. Repudiamos tanto o roubo quanto a covardia; tanto a malandragem quanto a omissão; tanto Judas quanto Pilatos.
Combateremos o mal, venha ele de onde vier. Se o mal tiver origem em Brasília, que se punam os responsáveis, como vem acontecendo no julgamento do mensalão pelo Supremo. Se o mal tiver origem em nossa vizinhança, o rigor deve ser o mesmo.
Não varreremos nada para debaixo do tapete. Outras cidades talvez prefiram o silêncio, a conveniência, a omissão. Em Londrina, é diferente. Aqui a mordaça não tem vez, pois os londrinenses sabem que uma cidade não pode ser limpa se é omissa.
Temos problemas? Claro que sim. Mas temos algo que é precioso e raro em nossos dias: independência. E independência significa ter instituições fortes, imprensa livre e equilíbrio entre os poderes. Nos últimos anos, avançamos bastante: chegou a hora de a administração municipal avançar também.
O Ministério Público tem desempenhado um papel fundamental na fiscalização dos governantes. Mas os promotores nada conseguiriam trabalhando sozinhos; eles contam com o apoio de nossa comunidade.
A Prefeitura não pertence a um indivíduo, a um grupo econômico ou a uma coligação partidária. Não pode servir a interesses particulares ou projetos de poder. Não aceitaremos que a administração municipal seja guindada por lideranças oportunistas e alheias aos problemas de nossa cidade. Prefeitura não é feira de vaidades, não é máfia, não é clube fechado. A Prefeitura somos nós.
Passar a cidade a limpo é fazer um plano de industrialização consistente e atrair investimentos que gerem emprego, renda e qualidade de vida. Para tanto, é preciso ter um Plano Diretor com regras claras para a instalação de empresas no município. Sem empresas, não há desenvolvimento.
Passar a cidade a limpo é atender às demandas do setor de comércio e prestação de serviços, hoje responsável por 77,8% do PIB londrinense. A flexibilização do horário do comércio - em outras palavras, a liberdade para trabalhar - seria um excelente ponto de partida.
Passar a cidade a limpo é reestruturar a Codel e a Ippul, órgãos estratégicos para o desenvolvimento de Londrina, hoje sucateados e abandonados a um canto da Prefeitura.
Passar a cidade a limpo é cuidar de nossa segurança pública, com a efetiva integração entre a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia Federal e Guarda Municipal.
Passar a cidade a limpo é cuidar da rede de saúde pública, à qual não faltam recursos, mas sim uma gestão racional e livre de paixões ideológicas e corporativistas. Não há desenvolvimento sem saúde.
Passar a cidade a limpo é reduzir gastos e aumentar a eficiência da máquina pública, com o fortalecimento da cultura de transparência entre os servidores.
Passar a cidade a limpo é garantir uma educação de qualidade em toda a rede pública, e não apenas em algumas escolas que se destacam diante da mediocridade atestada pelos números do Índice de Deenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Passar a cidade a limpo não é ignorar problemas, nem criar ilusões. Passar a cidade a limpo é deixar as coisas tão claras quanto o dia. Se tivermos sucesso na luta, Londrina vai passar à história como a cidade que não se omitiu - e venceu. É essa Londrina que queremos mostrar a nossos filhos e netos.

FLÁVIO MONTENEGRO BALAN é presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil)