Pai, professor, filho, aluno e universidade brasileira
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
O Brasil somente mudará se nossas universidades também mudarem. Universidades formam um país e pessoas, não somente acadêmicos, pesquisadores e profissionais! Após ter vivido quase meia década de vida; após ter conhecido várias universidades no Brasil, Europa, EUA e outras partes do mundo, como professor e como médico; após ter atingido o auge da carreira acadêmica e profissional como médico em uma importante universidade brasileira, pergunto: o que aprendi e ensinei até hoje na minha universidade com este currículo e programa de ensino universitário brasileiro que adotamos até hoje?
Somente agora, após quase 50 anos de vida e viver por todos estes papéis em sua plenitude, cheguei à conclusão que, se não mudarmos urgentemente, estaremos fadados ao caos ainda maior de nosso país. Recentemente, com uma experiência de pai/professor fora do país e vendo a reação da filha/aluna, pude realmente perceber e sentir no cérebro, na pele e no coração o abismo no ensino que vivemos! Lamentavelmente, posso afirmar: nossas universidades regrediram e estão pelo menos cem anos atrasadas em quase todos aspectos.
As universidades brasileiras têm que ser repensadas. A grande maioria delas não está formando pessoas, não cumpre seu papel integrado e diversificado de informar, formar e transformar. Conhecimento é muito mais que informação. Conhecimento para um jovem de 18 anos requer o fornecimento de acolhimento, experiência, emoção, espiritualidade, preparo, organização de carreira, politização, cooperação e trabalho com interdependência, sem ideologia política.
A discussão é muito maior que cotas e autonomia das universidades públicas. Ela deve ser focada na mudança do modelo universitário em nosso país, com mudanças no financiamento e de organização curricular técnica moderna, de gestão interdependente que possa contratar, demitir, criar metas e se autofinanciar de forma clara e objetiva de acordo com a necessidade das metas estipuladas para cada universidade. Não podemos mais permanecer neste modelo universitário feito para geração X, que está absolutamente desenquadrado ao desenvolvimento educacional globalizado e digitalizado que nossa geração Y necessita.
Deus olhe por todos nós, para que possamos trabalhar muito, que tenhamos oportunidade e muita sorte ajudando a reconstruir nossas universidades e mudar esta triste realidade, e que nossos filhos - alunos e netos - possam se tornar muito mais que acadêmicos, pesquisadores ou profissionais! Que possam ser pessoas melhores e construírem também um país melhor! Antes tarde do que nunca!
MANOEL CANESIN é médico cardiologista e professor titular de Cardiologia da Universidade de Londrina
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