A melhora da economia brasileira em 2017, depois de 2 anos de recessão, pode começar pelo campo com uma colheita de grãos de 215,3 milhões de toneladas na safra 2016/2017, segundo a nova projeção divulgada pelo Ministério da Agricultura. A produção será maior que a da temporada anterior, se os fatos mantiverem as previsões dos técnicos.

Sinais de recuperação ainda escassos em outros setores, parecem bem mais claramente nas atividade do campo. Se os cálculos se confirmarem, os produtores poderão dar um bom impulso aos negócios.

A colheita prevista para 2016/2017 será 15,3% maior que a temporada anterior, pelos números da Conab. Esse aumento compensa com alguma folga o recuo do ano anterior, quando a produção de 186,6 milhões de toneladas, prejudicada pelas condições de tempo, foi 10,6% menor que a de 2014/15.

Aumentar a eficiência da economia nacional será um dos principais desafios para os governantes nos próximos anos. Também o agronegócio precisará de mais investimentos, mas o agro já se distingue há muito tempo como o mais competitivo do Brasil.

Ao mesmo tempo, o setor se consolidou como um dos mais competitivos do mundo. No entanto, a agropecuária brasileira é uma das menos subsidiadas, e a diferença se torna muito clara quando a comparação envolve o mundo rico.

Os subsídios agrícolas proporcionam em média 17% da renda do produtor em todo mundo. As proporções têm estado entre 20% a 25% na União Europeia e na China, em em torno de 12% nos Estados Unidos. No Brasil, tem ficado próximos a tão-somente 5%.

A pesquisa e a absorção de tecnologia têm sido os principais fatores de aumento da eficiência no campo brasileiro. É indispensável manter o esforço de modernização.

E a observância dos ditames da Constituição Federal (1988) - que em seu artigo 186 estabelece que a função social da propriedade deve atender aos requisitos do aproveitamento racional e adequado, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, observância das disposições que regulam as relações de trabalho e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores -, tem contribuído para essa modernização.

E mais, em seu artigo 225 a Constituição dita, como direito solidário, que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para presentes e futuras gerações.

É, por isso, também que os bancos e demais organismos financiadores exigem e os agricultores atendem e dão concretude na apresentação de projetos de meio ambiente, para obtenção de seus empréstimos tanto os de custeio como os de investimento.

Assim, empenhado em acompanhar os padrões internacionais, o agronegócio tem avançado, apesar da limitada ajuda oficial – com crédito apenas suficiente, preços mínimos e grande contribuição dos organismos de pesquisa,

Vê-se que na indústria a interferência governamental - com protecionismo e ampla distribuição de favores - foi insuficiente para produzir inovação e ganhos de competitividade.

O governo pode, é claro, fazer mais para o agronegócio. Uma das tarefas urgentes é promover investimento em logística, como portos e estradas, e entre estas, a urgente duplicação da BR-369 no trecho Jataizinho-Ourinhos (SP).

A Confederação Nacional dos Transportes classificou como inadequados 58,2% dos trechos de rodovias examinados em sua pesquisa periódica. Cuidar de problemas como esse rende muito mais que distribuir favores fiscais e financeiros. O agronegócio, o setor mais competitivo da economia nacional, terá desempenho bem melhor que no ano passado e ajudará na recuperação econômica.

OSWALDO TREVISAN é presidente da Sociedade Rural da Região de Cornélio Procópio

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br