Permitir o diálogo entre público e privado, apoiando o desenvolvimento de setores específicos, é o principal papel das fundações. Este é o caso da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro), instituição sediada em Londrina e que, há 20 anos, facilita a execução de projetos de pesquisa cujos resultados beneficiam toda a sociedade. Instituições como Iapar, Embrapa, Itaipu Binacional, empresas de insumos e cooperativas, entre outros exemplos, são os grandes parceiros da Fapeagro. A Fundação possibilita que consigam levar adiante projetos de pesquisa que só se realizam graças à parceria que envolve a expertise dos pesquisadores das instituições públicas e a capacidade de investimento do setor privado. Na prática, a fundação atua como um agente facilitador, como um catalisador nas reações químicas: sem ela a reação não ocorre.

Cabe à Fapeagro garantir que a execução de projetos que recebem investimentos privados ocorra com eficiência, eficácia, efetividade e transparência. Este conceito, aliás, está presente em toda sociedade atual, principalmente pelos enormes prejuízos que sua ausência causou aos cofres públicos. Dados do Ministério Público atestam que várias fundações no Paraná enfrentam problemas, todos eles vinculados ao distanciamento de suas missões. Um dos principais equívocos é achar que o papel das fundações é encontrar "jeitinhos" de burlar restrições burocráticas criadas pelo setor público.
Muito pelo contrário, o papel destas instituições é nobre e implica em fazer não o que o Estado não pode mas, sim, aquilo que o Estado pode e deve realizar, mas tem restrições principalmente no que diz respeito à contratação de pessoal e gastos com investimento.

A Revista da Adufrj, em artigo recente, retrata a atuação de sete jornalistas e três articulistas que após mergulharem nos dados financeiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) durante três meses, ouvindo especialistas e autoridades, tentaram apontar alternativas que impeçam a iminente paralisação de uma das mais importantes universidades do Brasil. A situação, por sinal, não se diferencia da maioria das instituições públicas de ensino e de pesquisa no País. Uma das principais soluções apontadas pelos articulistas é melhorar as relações com as fundações de apoio. Estas certamente deverão estar preparadas para desafios dessa envergadura, quer em termos de capacitação de pessoal, quer na implantação de processos ágeis e transparentes.

A sobrevivência das instituições depende da inovação e da adequação da inovação ao seu negócio. Muitos órgãos de ensino e pesquisa estão com seus profissionais capacitados (a grande maioria com doutorado), porém ociosos por falta de recursos para levar adiantes projetos de inovação. Por outro lado, o setor produtivo precisa investir em inovação inclusive para sua própria sobrevivência.

O importante é a fundação colocar-se perante a sociedade como um agente facilitador na busca de projetos de inovação tecnológica. Relevante também é atuar de forma menos passiva à espera de projetos e mais agressiva na participação da elaboração dos mesmos, principalmente na questão orçamentária, tarefa para a qual é bem capacitada.

A Fapeagro, nos seus mais de 20 anos, apoiou projetos na área de xisto, de melhoramento genético, sementes, sanidade vegetal, meio ambiente, suinocultura, biodigestores, agrometeorologia, entre outros. Além de cursos como o tradicional "Degustadores e Classificadores de Café", com impactos relevantes para a sociedade. Além disso, tem procurado interagir com organizações públicas e privadas buscando novas parcerias. É uma das instituições paranaenses que possuem o Termo de Compromisso pelos Objetivos do Milênio e integra o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). Como uma fundação de apoio ao agronegócio, está sempre à disposição para abarcar projetos que, ao final, garantirão o desenvolvimento mais sustentável do setor e da sociedade.

ANTÔNIO CARLOS RODRIGUES DA SILVA é engenheiro agrônomo, mestre em administração e presidente da Fapeagro

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