Paraíso para uns, inferno para outros
Há uma história sobre um médico que foi a um hospício estudar casos extraordinários. Lá, ele encontrou um homem enrolado num cobertor, balançando e murmurando "Lulu, Lulu". Intrigado e sem conseguir obter mais nenhuma outra palavra do paciente o médico pergunta à equipe o que era Lulu. Lhe é respondido que Lulu era o problema desse homem e era o nome da mulher por quem ele fora perdidamente apaixonado e que havia dado um tremendo fora nele. Passando a outro paciente, o médico encontra um homem em estado deprimente também murmurando "Lulu, Lulu" e fica surpreso. Pergunta se a mesma Lulu era o problema desse outro homem e lhe é respondido que sim, que a mesma mulher que enlouqueceu o primeiro paciente terminando com ele enlouqueceu o segundo casando-se com ele.

A mesma mulher, dois homens diferentes. Para um deles, a falta dessa mulher foi demais para aguentar e ele enlouqueceu. Talvez, o que ele mais quisesse era ter se casado com ela. Ele a desejava muito e o término do relacionamento foi um gatilho para a sua loucura. Já o segundo homem casou-se com a mulher, mas o relacionamento deve ter sido tão tóxico, tão destrutivo que ele acabou enlouquecendo. Brincando de pensar em cima dessa história, podemos ver que o que pode ser o paraíso para uns pode ser o inferno para outros.

A vida não é uma coisa que vem com manual de operações, onde todas as regras para o bom funcionamento vêm bem esclarecidas e delimitadas. Não funciona assim. Temos que ir descobrindo o que nos é bom, o que nos faz crescer, bem como aquilo que não nos favorece em nada. Muitas vezes, idealizamos que precisamos ser de um jeito ou outro, que isso nos tornará mais felizes e aí quando conseguimos o que tantos almejamos descobrimos que nada daquilo era realmente o que esperávamos. Em outras palavras, nos enganamos assumindo que a vida tem que ser de um jeito particular e tomamos caminhos que podem nos levar à loucura.

O que serve para mim não servirá a fulano, talvez possa servir a ciclano, mas poderá ser péssimo a beltrano. Há muitas formas de se viver. Há inúmeras maneiras de se vir a ser no mundo e cabe a cada um encontrar, ou melhor, construir seu caminho. Isso vale para tudo: sexualidade, família, profissão, estilos de vida, etc. Só é preciso cada um assumir responsabilidade pelo próprio caminhar e permitir que cada um caminhe como lhe for melhor.

SYLVIO DO AMARAL SCHREINER é psicoterapeuta em Londrina

Benefícios da nova lei trabalhista
Durante meus 27 anos de chefia nunca a empresa em que eu atuava obteve um ganho de causa em ações trabalhistas movidas por empregados. A Justiça do Trabalho seguia a CLT, mas essa legislação era perversa contra a classe empregadora. Não se tinha notícia de um trabalhador, em empresas brasileiras, que houvesse perdido uma ação e condenado a ressarci-las. Mas essa rigidez e inflexibilidade da famigerada lei acabava por desestimular contratações, robustecendo o desemprego.
Agora, com a entrada em vigor da nova legislação trabalhista, aconteceu um fato inédito: a punição a um trabalhador. Foi em Ilhéus, na Bahia. O juiz considerou improcedente a reivindicação dele, e ainda o condenou a pagar as custas processuais, no valor de R$ 8,5 mil. A decisão é um precedente, que desestimulará os espertalhões.
É do consenso dos bem informados que a nova lei não tirou direitos dos trabalhadores, e ainda favorecerá admissões, ademais porque a situação econômica começa a melhorar. Outro atributo da reforma é a suspensão da contribuição sindical obrigatória, o que elimina a farra dos mais de quinze mil sindicatos (e suas centrais, federações e confederações) e com o iminente fechamento da maioria deles. O espernear do sindicalismo arrecadador só atesta o acerto da medida.
A militância continuará fazendo manifestações de protesto e gerará tumulto, mas foi inarredável a decisão presidencial de não incluir em alguns reacertos nesta reforma o retorno da contribuição.
R$ 3,5 bilhões era a receita anual dessa sangria e que só beneficiava o sindicalismo. Ademais, é dinheiro que, ao favorecer o trabalhador com essa retenção em seu poder - pequena que seja individualmente, mas volumosa no conjunto - entrará no meio circulante e trará benefícios a tantos outros mais. Passada essa fase de transição, reinará a paz nas relações entre empregados e patrões, e as vozes do retrocesso não mais terão ouvintes e seguidores. Diminua-se os excessos do poder sindical e cessarão também as greves, porque, restabelecido o pleno emprego, o que - acredita-se - irá acontecer, faltará gente para dar-lhes sustentação.

WALMOR MACCARINI é jornalista em Londrina

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br