SAMBA DA IMPERATRIZ: CORREÇÃO NECESSÁRIA

O samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2017 causou reação muito forte no agro brasileiro. Deveria causar reação negativa de todo povo brasileiro. E com toda razão. Num momento em que o Brasil todo está reconhecendo a importância do agro no PIB, empregos e exportação, enaltecendo o setor por estar evitando recessão ainda maior, o agro é atacado inoportunamente, de maneira injusta e sem necessidade.

O Brasil e mundo inteiro vão contemplar os desfiles das escolas de samba. O povo brasileiro dispõe de alimentos em quantidade e qualidade produzido pelos nossos agricultores. O mundo todo vê o Brasil como o grande provedor de alimentos. É importante que a imagem do nosso agro reflita, de maneira fidedigna, que produzimos com qualidade.

É inadmissível aceitarmos uma propaganda enganosa e injusta do agro brasileiro, em especial neste momento. Estamos tentando conquistar novos mercados. E vem uma crítica destrutiva e improcedente que vai chegar para muitos consumidores.

A presença da ala 15 da Imperatriz ("Fazendeiros e seus agrotóxicos") pode, muito bem, ser dispensada. Não vai prejudicar em nada a escola e o samba. Temos que aproveitar esta vitrine para consolidar a imagem e reputação do agro brasileiro. O exemplo da abertura da Olimpíada no Brasil deve ser lembrado. Foi muito elogiada.

A diretoria do G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense pode dar um exemplo de grandeza e respeito aos trabalhadores que estão salvando a Pátria, nossos produtores rurais, e realizar as alterações esperadas por todos. Vamos a um Carnaval que ajude o Brasil!

JOSÉ OTAVIO MENTEN é diretor financeiro do Conselho Científico Agro Sustentável, vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (Abeas) e professor associado da ESALQ/USP




O PURGATÓRIO EM QUE VIVEMOS

Dores, amarguras, dolorosas ausências, perdas, amores frustrados, sonhos não realizados, estados de extrema violência, são experimentos de vida que, penosos que sejam, são travessias inerentes a este ponto do universo em que vivemos e que, transpostas, convertem-se em gloriosas vitórias. Ou encaramos isto, com responsabilidade, ou iremos capitular e nos entregar à ideia de punições divinas e de que este mundo não tem salvação. Para muitos, os anos que ressurgem a cada doze meses trazem em seu bojo a esperança de dias melhores e que as turbulências irão cessar. Se mantivermos este estado mental, isto se processará mais rapidamente. Porque seremos nós os agentes das mudanças, embora não possamos fugir dos compromissos assumidos. Viver neste mundo foi uma decisão que tomamos antes de aqui aportar, embora muitos de nós tenhamos nos desviado. À medida que formos evoluindo, a partir do último dos desenlaces carnais e quando de nossa entrada em dimensões mais avançadas, não mais sofreremos a ação dos males citados, embora não cesse nossa marcha evolucionária. Há uma razão para estarmos aqui nestes tempos, que são de transição. Neste planeta tridimensional do sistema solar, vivemos um estágio de aprendizado, de expiação, de ajuda e de purificação, em síntese um purgatório. A violência dos últimos dias nos presídios é apenas uma amostragem da condição em que nos encontramos - bons e maus em convivência. Sim, o purgatório de que falam as igrejas é aqui mesmo e por trás de umbrais de entornos periféricos. A morte física não nos liberta de imediato dele. O avanço é gradual, porque a caminhada de ascensão não dá saltos. Muitos de nós tenhamos, talvez, de voltar a esta vivência terrena, para finalizar tarefas inconclusas. Tantos de nós já estamos há milênios girando nesta roda de samsara, como se diz em sânscrito. O que estamos vivenciando estava programado para ser vivenciado. Os males existem para que aprendamos a superá-los e, por fim, eliminá-los.

WALMOR MACCARINI é jornalista em Londrina.

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