Foram 24 anos (1988-2012) de gestões conturbadas na Prefeitura de Londrina. Umas por incompetência, outras por corrupção (excetuando os mandatos provisórios de José Roque Neto e Gerson Araújo) que causaram enormes prejuízos ao desenvolvimento do município. A arrumação da casa se fazia necessária. Alexandre Kireeff impôs seu estilo de gestor do setor privado no lugar do político profissional, instalou a idoneidade moral na administração e fez o que pode. Todavia, como era previsto, uma gestão só não bastou. Londrina ainda tem muitos e graves problemas a serem resolvidos.

Um ponto nevrálgico, que causa entraves para a administração e que o novo prefeito precisa tocar, é a baixa produtividade do quadro de servidores municipais (inclusive da Câmara de Vereadores). O irracional regime de trabalho de 30 horas semanais necessita ser reavaliado com urgência, ressalvando as categorias especiais amparadas por legislação específica. Não há como produzir bons resultados em apenas 6 horas diárias trabalhadas. Além de ser insuficiente para atender à demanda de serviços, traz sérios prejuízos ao atendimento do contribuinte. Qualquer empresa privada que se aventurar nesse tipo de jornada, com certeza fechará suas portas.

Também se tem notícia de uma alta incidência de absentismo no funcionalismo municipal, escudado por atestados médicos, o que requer atenção especial e gerência dentro dos padrões aceitáveis.

Tópico crucial, que também precisa ser alvo de enérgicas providências, é a crônica lentidão na análise de projetos, liberação de alvarás e demais tramitações de processos inerentes a esses serviços. Dá-nos a impressão que existem grupos no terceiro escalão que se sentem "donos" dessa atividade e que não acatam ordens superiores para dinamizá-la. Possivelmente, são aquelas "eminências pardas" que agem por interesses inconfessáveis, provocando graves prejuízos ao desenvolvimento de toda uma comunidade.

Outra excrescência que já passou da hora de ser eliminada é a excêntrica vinculação dos salários de servidores aos proventos do prefeito. Com essa dependência e o acúmulo de "penduricalhos" implantados nos holerites, criados por leis elaboradas para atender interesses próprios, esses rendimentos se transformam em super salários, impactando as aposentadorias, que vão causar sérios transtornos ao equilíbrio atuarial da Caapsml.

A título de comparação com estruturas enxutas e que conseguem resultados altamente positivos, podemos tomar como referência e parâmetro a maior empresa paranaense. Enquanto a nossa prefeitura tem em torno de 10 mil servidores para atender o município, com uma população de 553 mil habitantes, a Copel atua em todo o Paraná, inclusive com algumas usinas eólicas e hidrelétricas fora do Estado, com 8.551 empregados. Administra e operacionaliza o seu trabalho nos 399 municípios paranaenses, abrangendo o atendimento para uma população de 11 milhões habitantes. Na região polo de Londrina, a concessionária trabalha com 894 funcionários e atende 98 municípios. É uma abissal diferença de produtividade.

Então, necessitamos de um prefeito que tenha coragem de mexer nesse "vespeiro" e introduzir avanços de modernidade na administração municipal. Se o novo alcaide iniciar o seu mandato já pensando em utilizar o cargo como trampolim para outras governanças e funções públicas, como costumeiramente agem os políticos profissionais, certamente estaremos fadados a um novo insucesso e ao retrocesso no estilo mais técnico adotado pelo atual prefeito.

Que o eleitor londrinense saiba decidir o que é melhor. O futuro de Londrina está em nossas mãos.

LUDINEI PICELLI é administrador de empresas em Londrina

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res.
Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br