A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) tomou a iniciativa de protocolar um pedido de impeachment do presidente da República, Michel Temer. Não é de se admirar, afinal a OAB tem sido sempre protagonista nos momentos de crise política. Foi assim na crise Collor, na crise Dilma e mais uma vez, agora, na crise Temer. Parabéns para a OAB! Não importa a crise. Não importa o tema. Ela sempre se posiciona e age.

Quando as passeatas pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff tomaram as ruas, a partir de 2013, no seu primeiro mandato, e retornaram em 2015, já no segundo, juntaram-se ao protagonismo da Ordem a classe empresarial. Centenas de entidades empresariais, em especial as associações comerciais e empresariais, levaram milhares de empresários para as ruas, exigindo a saída da então presidente.

Aqui, no Paraná, organizou-se um movimento denominado "Brasil mostra sua garra", que defendia cinco princípios fundamentais para acabar com a corrupção e impunidade que assola há séculos o nosso País: ética, transparência, responsabilidade, justiça e respeito.

Há muito tempo defendemos que o associativismo empresarial deve se posicionar não apenas sobre os interesses da classe - o que é legítimo -, mas também sobre os interesses da sociedade. Que seja protagonista nos momentos decisivos da história nacional. Por anos vimos as discussões de defesa de princípios éticos e morais atrás das portas fechadas das reuniões das entidades, timidamente. Poucas vezes presenciamos uma participação ativa, especialmente nas ruas de nosso Estado. Foi bonito ver o associativismo empresarial participar diretamente de momentos tão importantes e não apenas se restringindo a notas oficiais divulgadas em seus sites ou anúncios pagos em páginas de jornais. Foi bonito ver a ação e não apenas a falação. Entidades de todo o Paraná, unidas em defesa da sociedade. Em defesa de princípios básicos para a melhoria da nossa nação. Deu orgulho participar desse momento.

Mas, e agora? Neste momento tão crucial, onde está a garra do associativismo empresarial para defender o Brasil, em especial os interesses do empresariado paranaense? O protagonismo arrefeceu? Não feriu o presidente da República os princípios da ética, responsabilidade, justiça, respeito e transparência tão defendidos outrora?

A queda de dois governos em menos de quatro anos é péssimo. Sobretudo para quem gera emprego e renda. É ruim para quem esperava há décadas pelas reformas tão necessárias. Mas nem mesmo isso torna admissível que o associativismo empresarial, representado por suas entidades de classe, fique inerte a tamanho desrespeito aos princípios que ele mesmo defende como colunas da moralidade.

Ainda que apenas um daqueles princípios tivesse sido quebrado, deveríamos nos unir aos indignados e lutar, dentro das regras constitucionais - é preciso destacar - pela queda de qualquer governo. Só assim, asseguramos nossa continuidade rumo ao nível dos países civilizados. Ou o associativismo empresarial perderá o protagonismo novamente? O protagonismo que tivemos há um ano não pode ser perdido. Não podemos nos dar a esse luxo.

EDSON J. DE ARAÚJO FILHO é consultor comercial e empresário em Maringá

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br