O nosso Cine-Teatro Universitário Ouro Verde reabre as suas portas ao público, neste simbólico dia 30 de junho.
Foi também num 30 de junho, em 1793, que foi inaugurado o Teatro Nacional de São Carlos, a principal casa de ópera de Lisboa, em Portugal, depois de o teatro anterior ter sido destruído por um grande terremoto. Um teatro que teve como primeiro diretor musical António Leal Moreira, nascido num dia 30 de junho, e que iniciou seus estudos musicais com apenas 8 anos, também num dia 30 de junho.

Por isso, o calendário londrinense acaba de ganhar mais uma data comemorativa. Um novo festejo junino passa a integrar a memória e o patrimônio imaterial de Londrina, agregado ao inestimável valor do patrimônio histórico, arquitetônico e artístico que é o Ouro Verde. E não se trata de uma figura de linguagem: ele é mesmo Patrimônio Cultural Estadual, com inscrição no Tombo 126-II, processo número 02/98.

Ícone da riqueza natural que foi base da economia londrinense, o Teatro reabre tão restaurado, como exigem as regras de conservação de um patrimônio tombado, quanto moderno, como requerem as normas contemporâneas de segurança e as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias.

O Ouro Verde é um patrimônio dos londrinenses que caminhou com eles na História. Desde 1978, por ação do então governador Ney Braga, o Cine Ouro Verde é o Cine-Teatro Universitário Ouro Verde, cuidado pela Universidade Estadual de Londrina – outro dos mais importantes patrimônios dos londrinenses.

Assim como é impossível sequer imaginar a história da cultura da cidade sem o Ouro Verde, é inconcebível a ideia de uma Londrina sem sua mais estimada Universidade, que em outubro próximo completa 46 anos. O Festival Internacional de Londrina (FILO), também quarentão, e o Festival Internacional de Música de Londrina (FML), com quase 40 anos, são dois eventos do calendário cultural nacional que sempre utilizaram o palco do Ouro Verde para ajudar a projetar nossa cidade nacionalmente.

O Ouro Verde sempre foi, e volta a ser, o espaço nobre de todas as artes, e a capital do café também se transforma em capital da cultura. O ouro da cultura é verde, vermelho, branco, azul, negro, de todas as cores, todos os sons, todos os ritmos, de todas as vozes. As manifestações culturais não se medem, não se pesam, não se orçam. Elas possuem valor de per si, e são a expressão maior de um povo. São a expressão do povo em busca de liberdade, paz, igualdade, espiritualidade, felicidade, de seus direitos e de seus sonhos.

Tais expressões são o equivalente, nas artes, aos valores que a própria Constituição do Estado do Paraná consagra em seu primeiro artigo: democracia, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais e do trabalho; defesa dos direitos humanos, da igualdade, do meio ambiente e da qualidade de vida, e garantia da aplicação da justiça; assim como a busca permanente do desenvolvimento e da justiça social, a prestação eficiente dos serviços públicos, e o respeito incondicional à moralidade e à probidade administrativas.

Se fôssemos sintetizar este conjunto de valores num lema, bem ao estilo acadêmico, seria o conhecido "Ars et Scientia" ("Arte e Ciência"). Ele resume esta simbiose entre o Cine-Teatro Universitário Ouro Verde e a Universidade Estadual de Londrina, que oxigenam uma das mais importantes cidades do Sul do país com realizações artísticas e científicas, de forma integrada, inclusiva, gratuita, democrática, humanista e, por tudo isso, exemplar.

O Ouro Verde, assim como a UEL, é dos londrinenses, e a eles ela entrega o Teatro, tão moderno quanto aconchegante, tão bonito quanto funcional, tão nostálgico quanto arrojado, para que todos, sob seu teto, se sintam tão acolhidos quanto emocionados.

BERENICE QUINZANI JORDÃO é reitora da UEL (Universidade Estadual de Londrina)

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res.
Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br