Os imigrantes japoneses vieram para o Brasil no início do século 20 e muitos se estabeleceram nos Estados de São Paulo e Paraná; aqui no Norte, mais precisamente nas cidades de Assaí, Uraí e Sertaneja.

Alguns japoneses e seus descendentes eram fazendeiros, sitiantes e se dedicaram à agricultura, hortifrúti, granja; outros, na cidade, dedicaram-se ao comércio. Mairiporã e Esperança eram as colônias japonesas de Sertaneja. Eram comunidades ativas, cada uma tinha sua escola, campo de beisebol, clube social bem atuante, onde realizavam festas para motivar a colônia e preservar suas raízes e costumes. Vez ou outra, todos se reuniam para realizar o "undocai", uma espécie de gincana (corrida no saco, ovo na colher, etc).

Era um dia festivo, quase todos da cidade iam para lá; uns participavam, outros iam apenas assistir. Havia recreação para as crianças, atividades para jovens e adultos. Lembro-me de que ninguém saía sem ganhar alguma coisa, podia ser um caderno, um lápis, uma borracha, enfim, até um kit escolar. Na cidade, também havia a escola japonesa e o clube, palco de bailes e festas da colônia. Havia as danças folclóricas, e o que mais chamava a atenção eram as senhoras idosas com seu traje tradicional – o quimono todo colorido – que dançavam ao som da música oriental, melodiosa. Era um espetáculo bonito de se ver!

Imagem ilustrativa da imagem Os imigrantes japoneses



As festividades da comunidade nipo-brasileira tanto no campo como na cidade, serviam para mostrar e prestigiar a cultura e as tradições japonesas. Um povo amigo, trabalhador, prestativo, mas os mais velhos, muito tradicionais, um tanto intransigentes. Certa noite, ainda muito criança, lembro-me de uma visita em casa. Era um jovem casal, ele brasileiro e ela nissei. Os pai dela não aceitavam o casamento deles e foram pedir ajuda para os meus pais. Nessa época, os japoneses dificilmente aceitavam esse tipo de união. E não é que meus pais conseguiram convencer os pais da moça a aceitar o casamento? O casal ficou tão feliz que convidou meu pai, José Olegário de Castro, que na época era prefeito de Sertaneja, e a minha mãe Dorvalina para serem os padrinhos. E fomos a esse casamento no clube da cidade.

Uma festa diferente, obedecendo a todo um ritual e tradição japoneses. As mesas eram bem compridas e dispostas em U, com bancos e sobre as mesas, variados pratos da comida japonesa. Na parte do meio, ficaram os noivos, os pais e padrinhos. Antes de comer, houve os discursos que demoraram muito – ah, como ficamos impacientes para começar logo a comer – depois vieram os brindes e os vivas e só depois começamos a comer. Se me recordo bem, meus pais tinham afilhados não só de casamento, mas de batismo, 1ª comunhão em quase todas as famílias japonesas.

Imigrantes japoneses e seus descendentes, um povo trabalhador que, juntamente com outros trabalhadores rurais, contribuíram muito para que as terras de Sertaneja fossem as mais valorizadas do Norte do Paraná.

Idiméia de Castro, leitora da FOLHA