O futebol é o esporte preferido de grande parte dos brasileiros. Meu pai gostava muito e, para formar o time, trazia jogadores de Ribeirão Preto, Cajuru, Cássia dos Coqueiros porque ele era de lá da divisa de Minas com São Paulo. O time chamava-se Clube Recreativo de Sertaneja e participou do Campeonato Paranaense do Norte Velho (Pioneiro) no final da década de 50 e início dos anos 60.

Os rapazes ficavam numa república chamada "A Toca". Trabalhavam e jogavam bola. Os que eram formados davam aulas (educação física, ciências, etc. ), outros trabalhavam no banco e no comércio.

Quando o time jogava fora (Cornélio, Bandeirantes, Santa Mariana, Andirá, Cambará, Santo Antônio da Platina, etc.), meu pai colocava os nossos caminhões à disposição das pessoas da cidade que queriam assistir ao jogo. Antes de sair, ele conversava com todos para evitar brigas e provocações e instruía os motoristas a ficarem de olho. Quando nesses locais, o time perdia, os torcedores de Sertaneja saíam corridos porque aí vinha briga. Dependendo da cidade, o papai nos deixava ir junto com ele. Era muito bom ! Quando o jogo era em Sertaneja, quase toda a cidade ia assistir. Era a nossa diversão nas tardes de domingo.

Imagem ilustrativa da imagem O futebol da minha cidade natal



Soltavam foguetes, rojões para indicar que o time estava entrando em campo e também na hora dos gols. O campo era cercado por alambrado, não tinha arquibancadas, as pessoas se juntavam ao redor, as mulheres ficavam em grupinhos, algumas com sombrinhas porque o sol da tarde era muito forte. Ninguém ficava perto do meu pai durante o jogo. Ele se empolgava, corria de lá pra cá na beira do campo, chutava, dava botinada, ficava rouco de tanto gritar, parecia o próprio jogador. Algo parecido com o torcedor Luxemburgo nos jogos do Londrina. Depois do jogo, à noite, o Tatinha da Rádio Paiquerê ligava em casa para o meu pai falar o resultado e dar o panorama de tudo o que acontecera durante a partida.

Esse amor pelo futebol foi passado para nós, seus filhos. Era um corintiano fanático e quase toda a família também, salvo o nosso irmão Beto que é são-paulino, e o Sertão palmeirense. Este, quando viemos para Londrina, jogou futebol de salão pelo Canadá e Bussadori durante muitos anos; temos ainda o Alexandre (bisneto) que está iniciando uma carreira também no futebol de salão no Iate Clube.

Meu pai, José Olegário de Castro, quando prefeito de Sertaneja, trouxe a água para a cidade, colocou alambrado no campo, ganhou uma pedreira para a prefeitura fazer o asfalto, fez a cidade ficar conhecida pelo futebol que houve na época e até hoje não foi reconhecido, nunca homenageado. É uma pena...

Idiméia de Castro, leitora da FOLHA