Imagem ilustrativa da imagem Dedo de Prosa



Fruta do Conde
Quando percebi, meu pé de pinha, árvore que me dá frutas do conde (ou pinhas, como queiram) estava "pelada" de folhas, como se fosse outono!
Todos sabem que, de modo geral, o outono é a estação das colheitas. No entanto, estávamos em julho e a ateira ou pé de pinhas estava frutificando.
É certo que as tantas tecnologias que têm como endereço a agricultura fazem com que elas deem frutos antes do tempo e, portanto, tais frutos maduram mais cedo, mas não têm o mesmo sabor que tinham quando os colhíamos nas épocas devidas. E mais, também por isso, não saciam nossa vontade por terem o sabor e a doçura alterados. Não é a toa que, hoje em dia, há muitas espécies de frutas que encontramos nos mercados e feiras o ano todo.
Voltando à árvore, pude observar: primeiro foram os galhos que pareciam mortos, e começaram a soltar minúsculos frutos antes que, lentamente, brotinhos verdes fossem surgindo.
Enquanto os galhos ainda pareciam mortos, frutos que haviam despontado já somavam mais de uma dezena. Tão pequeninos, eles embelezavam a árvore sem folhas. Logo eles foram se desenvolvendo e crescendo mais e mais. E a árvore, sem folhas ainda, mas com tão pequeninos frutos, ficou como se fosse uma árvore de Natal feita de galhos secos, tendo as preciosas frutinhas penduradas nas pontas deles, como pequenas bolas em tons de verde escuro.
Não pude deixar de me maravilhar com essa visão em um período muito frio de nosso inverno, afinal, o tempo normal da colheita dessas frutas é de janeiro a março, no finalzinho do verão.
Mas as minhas pinhas, ou atas como queiram, estão ali, presentes em seu magnífico verdor, parecendo ter grandes "espinhos" em sua grossa casca.
Sei que há muitas semelhanças entre a fruta do conde, a atemoia e o araticum, mas de sabores, textura e cheiros distintos. E até a graviola, assemelha-se a uma pinha gigante! Mas cada uma delas tem características distintas, apenas parecem "parentes".
Quanto ao nome fruta do conde, sei hoje, após pesquisar na internet, que ela recebeu esse nome por conta do Conde de Miranda, governador da Bahia no ano de 1626, que foi o primeiro a plantar uma muda no País. Mas só em 1800 a fruta foi plantada no Rio de Janeiro e se popularizou no Brasil.
Delicio-me ao saborear as benditas e tão gostosas frutas. E tem mais, elas, além dos frutos, me fornecem suas tão lindas e brilhantes sementes com as quais confecciono artesanatos.

Marina Polonio é leitora da FOLHA