Domingão nublado, meio que ameaçando chover, mas pulei cedo da cama para ir à padaria, açougue e, por último, quitanda. É um ritual meio comum dos meus domingos. Mas hoje era diferente. Saí de casa doido para encontrar o "verdureiro", um dos caras mais alvicelestes que conheço. O cara vive o Londrina, é passional ao extremo. No dia em que o time perde, me vê passando longe na rua e já grita: "Viu que palhaçada que os 'ursinhos carinhosos' aprontaram ontem". Sim, no auge da raiva, é desta forma que qualifica os jogadores. E, que eles não nos escutem, mas teve jogo nesta Série B em que fizeram jus ao apelido.

Bom, queria encontrá-lo para ver sua reação após a surpreendente trinca do Tubarão. São três vitórias seguidas, três jogos sem tomar gols – que homens!!! - e uma arrancada que ninguém esperava.

Peguei a Manuzinha, minha filha, e lá fomos. Não esperou nem meu bom-dia. De camisa do Londrina, já disparou: "Rapaz, não é que vamos jogar a Série A?". Falei em cautela, disse que o Tubarão é um time difícil de entender, que quando ninguém mais acredita nele é aí que resolve mostrar serviço e algumas outras coisas mais. Entre uma cebola e outra, um tomate e outro, ele não falou abobrinha nenhuma. Disse que já tinha feito as contas e tudo mais. "A tabela dos caras é complicada. Tá pra nós", cravou.

Realmente, os rivais pelo acesso tem alguns confrontos diretos entre eles, jogos difíceis, que um dos dois perderá pontos. Ou os dois em caso de empates. O Londrina não tem jogo fácil, mas pega muita gente que está na parte debaixo da tabela, tem a moral renovada pelos triunfos, está livre de pensar em rebaixamento e não tem mais aquela cobrança pelo acesso. "Eu acho que dá, só que tem que atropelar o ABC (no sábado) e ganhar do Boa (no dia 04/11). Aí, você vai ver", empolgou-se.

Mas ele tem razão nisso também. São essas duas rodadas que dirão se o dono da quitanda está certo ou não. Mas o bom disso tudo é que esses resultados mostraram que o time é bom e, se não está lá em cima, é por que foi "vacilão'" que se jogar bem, com vontade, com raça, a torcida fica satisfeita, fica feliz e reconhece o esforço, e que o futebol tem o dom de transformar um domingo frio, chuvoso e preguiçoso, num dia de alegria para um torcedor apaixonado.
Domingo que vem tem mais resenha na quitanda. E espero encontrar o amigo feliz da vida de novo e com a profecia cumprida.