Não merece
A seleção dentro de campo é o contraste da CBF. Enquanto a equipe comandada por Tite joga para frente e mostra muita qualidade para a alegria da torcida, a entidade máxima do futebol brasileiro é sinônimo de retrocesso e de manobras sórdidas nos bastidores. Na última quinta-feira, mesmo dia em que Paulinho, Neymar e companhia davam um show de bola no lendário Estádio Centenário, na sede da CBF, no Rio, os cartolas davam mais poder para o presidente Marco Polo Del Nero. Diferente do mercador italiano que desbravou a Ásia, o Marco Polo brasileiro não pode viajar, pois tem medo de ser preso pelo FBI, por suspeita de receber propinas.
O novo estatuto da CBF permite que Del Nero concorra à reeleição em 2019 e na sequência em 2023. Ou seja, ele pode continuar no poder do futebol brasileiro até 2027 com o apoio das federações, que passaram a ter um peso maior no processo de escolha do mandatário. Cada voto das 27 federações terá peso 3, enquanto os votos dos clubes – os maiores interessados no futebol dentro de campo – têm peso 2, se estiverem na Série A, e peso 1 para clubes da Série B.
A manobra tem um único objetivo. Manter o poder nas mãos da CBF e das federações, que são cada vez mais inúteis para o progresso do futebol brasileiro. Não representam os clubes, mas se beneficiam deles com cobranças absurdas. Na prática, as federações têm 81 votos e os clubes 60. Ou seja, nem se os 40 maiores clubes nacionais se unissem pelo bem do nosso futebol, seria possível tirar o poder desta gente que não merece ter uma seleção com Tite no banco de reservas e Neymar em campo. "Eles pensam que somos otários", resumiu o treinador do Atlético-PR, Paulo Autuori.

NUTELLA X RAIZ
Londrina e Paraná Clube fizeram o melhor jogo da primeira fase do Paranaense na última quarta-feira (22) no empate em 2 a 2. Mas, o LEC entrou em campo com um uniforme que não representa a tradição de 60 anos. Uma partida deste tamanho contra o rival, em grande fase, merece um Tubarão alviceleste. Melhor, a torcida quer um Londrina de azul e branco dentro do Estádio do Café. Não entendo a insistência de jogar com uniforme preto como mandante, que obrigou um Paraná Clube nada tricolor no Café. Ontem, fora de casa, mais uma vez o uniforme Nutella, ao invés do raiz. O azul e branco na camisa estavam lá, quando o Tubarão terminou a campanha do Brasileiro de 1977 em quarto lugar depois de derrubar o Gigante da Colina. As belas listras alvicelestes estavam lá na Taça de Prata e nos títulos paranaenses de 1981 e 1992. Por favor, vamos jogar de azul e branco na decisão de quarta-feira contra o Coxa. Boa semana.