Deputados agora assinam ponto às 6h e ‘vazam’
Apesar da promessa de controlar a frequência dos deputados, a Câmara nunca foi tão tolerante. Nessa quinta (17), o painel eletrônico para "registro de presença" foi aberto às 6h (!) da manhã. Isso permite que eles batam o ponto e corram para o aeroporto, pegando o primeiro voo para seus estados. Suspensa pelo ex-presidente Eduardo Cunha, a manobra foi restabelecida pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Apenas um registro
Ao contrário de todos os trabalhadores brasileiros, os parlamentares não registram a hora que saem do, digamos assim, trabalho.

Bateram asas
O painel da Câmara registrava a presença de 436 deputados, pelas 11h da manhã. Mas menos de trinta estavam presentes no plenário.

Comum é gazetear
Por que a presidência da Câmara manda abrir o painel de registro de presença às 6h da manhã? A resposta: "É comum acontecer isso."

Comum é embromar
O registro de ponto foi aberto para sessão deliberativa extraordinária, na quinta. Mas nada de importante foi deliberado, como é de costume.

Reforma política sem definição no Congresso
De todas as propostas da reforma política, em discussão na Câmara, a única que gera consenso é a emenda (PEC 77), relatada pelo petista Vicente Cândido (SP), prevendo entre outras espertezas a criação do "fundão" de R$ 3,6 bilhões para custear suas campanhas. O dinheiro será retirado na boca do caixa do Tesouro: 0,5% de toda receita líquida da União, ou seja, o dinheiro dos impostos pagos pelos brasileiros.

Periga não passar
Falta consenso na PEC 282, proposta de emenda que veda coligações e cria a cláusula de barreira, acabando com os partidecos de aluguel.

Também está difícil
Também falta consenso em torno da PEC 282, dos tucanos, que prevê a perda do mandato de quem se desfiliar, incluindo suplentes e vices.

Tempo curto
O sistema eleitoral brasileiro é o mesmo desde a Constituição de 1988. Para valer em 2018, a reforma deve ser sancionada até 7 de outubro.

Privatizou, melhorou
Estudo da Confederação Nacional do Transporte mostra que, em 2016, as concessionárias de rodovias investiram R$ 354,4 mil por quilômetro, mais que o dobro do que o governo federal gastou em suas rodovias.

Repugnância
No DF, o Tribunal de Contas escreve outra página repugnante na história das regalias e privilégios do serviço público: seus conselheiros receberão R$ 1,6 milhão, retroativos, a título de "auxílio-moradia".

Penduricalhos nunca mais?
Michel Temer quer acabar "penduricalhos nos contracheques". A expressão foi utilizada há 17 anos pelo então presidente do STJ, ministro Paulo Costa Leite, em sua posse. Nada mudou.

Marajás resistem
Exatos 144 marajás da Caesb, empresa de águas do DF, recebiam acima do teto de R$ 30 mil. Tem gente ganhando R$ 55 mil, R$ 67 mil, R$ 75 mil e até mais de R$ 100 mil por mês. Agora, receberão o teto. Mas não se fala em devolver o dinheiro que embolsaram durante anos.

Contribuinte de peso
Somente o grupo empresarial Paulo Octavio responde por 2,3% de toda a arrecadação do governo do Distrito Federal com o IPTU, neste ano de 2017. São mais de R$ 18 milhões por ano.

O que é isso, companheiro?
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) quer a retirada do plano de trabalho da CPI do BNDES a análise de delações premiadas de envolvidos com empresas enroladas na investigação ao banco público.

Para que serve CPI?
Batalhador dos direitos dos aposentados, Antônio Simões dos Reis, de Indaiatuba (SP), indagou a Paulo Paim (PT-RS) para que serve a CPI da Previdência que ele preside, para além de blá blá blá e gastos com cafezinho, almoços e "algumas branquinhas". Ficou sem resposta.

Manobra protelatória
Lula quer suspender interrogatório à Justiça, em setembro, sobre a compra do terreno pela Odebrecht para o Instituto Lula, a título de propina, para que advogados questionem 97 testemunhas de defesa.

Pensando bem...
...a ida do deputado federal para o trabalho às 6h é inédita... a não ser que seja para sair antes das 6h15.

Imagem ilustrativa da imagem CLÁUDIO HUMBERTO



PODER SEM PUDOR

Tortura e sacrifício
Jânio Quadros era governador e vivia às turras com o jornal "O Estado de S. Paulo", cuja independência não tolerava, nem as insinuações sobre seu apego aos copos. Após intensa negociação, da qual participaram políticos como José Sarney, Jânio fez uma visita ao dono do jornal, Júlio de Mesquita Neto, que logo ofereceu ótimas opções de uísque. Jânio soltou uma lorota:
- Mas, doutor Júlio, eu não bebo! Só aprecio leite!
O anfitrião pediu licença, foi à cozinha, arranjou uma enorme caneca, usada para beber chope, e a encheu de leite. Enquanto durou a visita, Jânio não largou o canecão. Disciplinadamente, bebeu tudo. Um litro de leite.

Com André Brito e Tiago Vasconcelos
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