Cunha pode ser condenado a 160 anos de prisão
Juntando todos os processos em que é acusado, Eduardo Cunha está sujeito à sentença recorde de 160 anos de cadeia. Se depender do desejo da força-tarefa da Lava Jato, será a maior condenação da História, no Brasil, de um político suspeito de crimes de corrupção. Cunha não tem alternativa senão tentar um acordo de delação premiada, para reduzir o tempo de cárcere. Ou vai mofar na cadeia.

Primeiro processo
Cunha havia sido denunciado pelo Ministério Público em agosto por ter recebido US$ 5 milhões por contratos de navios-sonda da Petrobras.

Que Maravilha
Um dos inquéritos contra Cunha acusa o ex-deputado de ter recebido R$ 52 milhões em propina por obras do Porto Maravilha, no Rio.

De processo, sabe
Na Câmara, o processo de cassação de Eduardo Cunha durou onze meses. Foi o mais longo da História.

Pioneirismo
Cunha foi o primeiro parlamentar a virar réu na Lava Jato, em março deste ano. Responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

‘Policiais legislativos’ ganham o dobro da PF
Ao contrário de quando eram tratados por "seguranças", denominação adequada ao trabalho que realizam, os atuais "policiais legislativos" do Congresso têm pose e salários de fazer inveja a qualquer policial federal que os investiga na Operação Métis, deflagrada ontem. Os "policiais legislativos" têm nível médio e remuneração inicial de R$ 16.014,16, o dobro do salário inicial de agente da PF, de R$ 8.702,00, de quem se exige nível superior para participar de concurso público.

Privilégios
Os salários iniciais de policiais legislativos alcançam R$ 19.173,75 na classe especial, sem contar os muitos penduricalhos e vantagens.

Olha quem manda
São hierarquicamente superiores ao diretor da Polícia Legislativa o diretor-geral do Senado ou da Câmara, e os respectivos presidentes.

Decisão
Se o diretor da Polícia Legislativa agiu por conta própria, ordenando varreduras nas residências de senadores, ele está mesmo no sal.

Objetivo é a delação
A esperança de procuradores é que, sujeitos a penas de até 14 anos de prisão, os "policiais legislativos" do Senado contem, em delação premiada, quem ordenou a suposta tentativa de obstruir a investigação.

No mesmo balaio
Estão sujeitos à mesma pena dos investigados por organização criminosa, segundo o Ministério Público Federal no DF, os quatro "policiais" do Senado presos nesta sexta-feira.

Acerto de contas
A versão mais difundida nos bastidores do Senado é que a Operação Métis, de ontem, seria um "acerto de contas" em razão das dificuldades que "policiais legislativos" sempre criam à atuação da Polícia Federal.

Objetivo é o crime
O MPF explicou que não é crime fazer varredura à procura de grampos e microfones, mas usar equipamentos e pessoal do Senado, sim. Ainda mais, como acreditam procuradores, para "embaraçar a investigação".

Falava muito
Nos três últimos meses antes de ser afastado do mandato, Eduardo Cunha gastou, sem piedade, R$ 38,6 mil em ligações de seus telefones. Mas a conta quem pagou foi o contribuinte.

É só torcida
A oposição aposta em delação premiada de Eduardo Cunha porque sonha com denúncias que fragilizem o presidente Michel Temer. Mas o Palácio do Planalto garante que não há esse risco.

Cartilha do Meirelles
O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) oferece jantar, nesta semana, para o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) explicar aos senadores do seu partido a necessidade de limitar os gastos públicos.

Mudança de rumo
O deputado Efraim Filho (DEM-PB) acredita que a economia caminha para mudança de rumo. "Estamos convencidos de que as medidas econômicas do (Henrique) Meirelles são o melhor para o Brasil", diz.

Pensando bem...
...se um grupo de forró comportado conseguiu sonegar meio milhão de reais, imaginem um safadão.

PODER SEM PUDOR

As podas do general
Às vésperas do golpe militar de 1964, José Aparecido de Oliveira era secretário do governador de Minas, Magalhães Pinto, e vizinho de um general Guedes, em Belo Horizonte. O militar tinha o hábito de podar, ele mesmo, as roseiras que separavam as casas só para bisbilhotar o vizinho, seus encontros e telefonemas. Após o golpe, ele tentou prender e cassar Aparecido, que foi salvo pelo chefe. Guedes foi à forra: usando a mesma tesoura de podar as roseiras, ele – literalmente – cortou a linha telefônica tão apreciada pelo secretário do governador.

Com André Brito, Gabriel Garcia e Tiago Vasconcelos
www.diariodopoder.com.br