Imagem ilustrativa da imagem ET - 'Ele apareceu já falando que falava nossa língua'
| Foto: Reprodução



ET


Ele apareceu já falando que falava nossa língua, querendo conversar, aí alguém falou vichi, mermão, o carinha fala mesmim qui nóis, e ele perguntou se estava mesmo no Brasil. A gente tinha de falar Português certinho pra dar conversa, mas mesmo assim depois de horinha ele vazou.
Ele não entendeu se pagar tanto imposto de renda com tão pouca renda, mais tanto imposto embutidim em tudo que se compra, sustentando um Estadão tão gastador quanto ruim de serviço, e a gente ainda dar tanta risada.
Não deu conta também de entender como o presidente é processado como quadrilheiro e se defende rindo também.
Não conseguiu entender porque aqueles 51 milhões, achados pela polícia naquele apartamento de resto vazio, estavam em malas, mochilas e... caixas de papelão! Porque as caixas, ele perguntou, pra economizar?
Também não conseguiu entender porque o governo paga tantas bolsas de estudo em universidades particulares, enquanto deixa à míngua as universidades públicas, mas alguém lembrou que o Tom Jobim falou "o Brasil não é para amadores", e ele perguntou quem é o Tom, um político ou sociólogo?
Alguém perguntou se ele queria uma aguinha, outro falou que tal aquela que passarinho não bebe, e ele aceitou, bebeu tudinho de golada, tadinho, aí rodou em redor da fogueira dançando lá do jeito ET, só mesmo vendo.
Depois calmou, perguntou do carnaval, contamos que hoje carnaval continua mais nas capitais, no resto do país continua como feriado, né, pois um país com tanto feriado não pode ficar sem o maior dos feriadões. Afinal, falou alguém, a gente tem de seguir o exemplo dos deputados, que não trabalham na segunda porque é começo da semana e nem na sexta porque é final de semana, entendeu?
Ele não entendeu, ficou balançando a cabeça, até que alguém falou que ao menos estava num país onde não existe racismo nem preconceito, tanto que até torneiro e mulher chegaram à presidência, embora ela depois deposta e ele processado. Outro lembrou, entretanto, ser um país que faz olimpíada sem qualquer atentado, a não ser, claro, contra os tais cofres públicos.
O segredo dos cofres públicos, falou mais alguém, é que eles não têm segredo: ou tem gente investigando ou tem gente metendo a mão. É o ser humano, disse mais um, tem deus e o diabo dentro de si.
É, emendou um último, tem rico que recebe bolsa-família só pelo gostim de roubar, aí ele desapareceu, ainda balançando a cabeça doidim-doidim.

Imagem ilustrativa da imagem ET - 'Ele apareceu já falando que falava nossa língua'
| Foto: Reprodução



Notícia da Chácara



SIANINHA


É cacto de espinhos tão miudinhos quanto penetrantes, entram na pele querendo ficar. E é também trepadeira, sobe por árvores e coqueiros sem pedir amarrio, chegando a forrar o tronco com suas ramas. São ramas com centenas de milhões de anos de evolução, desde quando a Terra ainda era coberta de desertos rochosos, para se adaptarem depois ao ambiente sombrio das florestas.
Comemorando tanto esforço, a sianinha apresenta uma flor de quatro corolas e/ou cálices, seja o nome que se dê, o que se vê é flor a disputar belezice com a do maracujá. Entretanto só flore à noite, como quem de tão bonita, diria um poeta, só se deixa ser olhada pelas estrelas. Ou talvez seja tímida, por natureza recolhida, como sugere seu nome popular Sianinha; o oficial é Selenicereus anthonianus, decerto homenagem a algum Antônio botânico. E, como a compensar pelos espinhos, a sianinha tem penetrante perfume. Que planeta, diria o ET.