Arapongas - A força-tarefa criada para atacar a poluição que ameaça matar a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Apertados, em Arapongas (Norte do Estado), deu mais um passo importante ontem: equipes recolheram restos de venenos agrícolas vencidos e até proibidos há mais de uma década que estavam em diversas propriedades da região. Embora importante, a ação é apenas uma ínfima parte do que deve ser feito para salvar o manancial responsável pelo fornecimento de água a uma população de 100 mil pessoas.
  O trabalho de coleta começou logo pela manhã. Um caminhão da empresa especializada Luft Agro, que mantém convênio com a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa), partiu com duas equipes para fazer a captação de restos de agrotóxicos em 27 diferentes propriedades, cujos proprietários haviam se auto-denunciado para escapar de punições futuras.
  Paramentados com equipamentos de proteção, os técnicos recolheram todo tipo de veneno – líquido e sólido – que já não poderia mais ser usado por estar fora do prazo de validade ou por estar proibido no País, pois as campanhas do Governo do Estado recolhem apenas as embalagens vazias. O técnico da Emater Francisco Luiz Moretto explicou que o trabalho era mais preventivo do que curativo, e visava evitar que estas substâncias fossem lançadas no solo ou em algum pequeno curso d‘água que compõe a bacia. ‘‘O círculo está se fechando e quem não se adequar a partir de agora irá sofrer as conseqüências, podendo pagar caro pela insistência’’, advertiu o chefe regional da Suderhsa, Moacir Poletto.
  A expectativa é recolher mais de 100 barricas de 20 litros com restos de agrotóxicos entre ontem e hoje. Depois, tudo será levado para incineração no Rio de Janeiro. Mas, mesmo dando fim ao veneno, o comitê lembrou que a luta para recuperar a bacia está apenas começando. O comandante do Corpo de Bombeiros de Arapongas, capitão Arnaldo Jesuíno Molina, apontou que outra frente trabalha em vistorias em empresas e residências da área urbana e constatou muitas irregularidades. Até o momento cerca de 500 imóveis foram visitados, autuados e receberam prazo de cinco a 15 dias para se adequarem. ‘‘Se persistirem, serão multados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP)’’, adiantou Molina.
  Segundo o comitê, as ligações clandestinas de esgoto doméstico são outro problema grave em Arapongas. Numa medição recente no Ribeirão Arlindo, que deságua no Apertados, foi constatada a presença de 350 milhões de coliformes fecais em cada 100 ml de água.