UBS do Bandeirantes comemora 40 anos

"Toda a vida me atenderam muito bem, fazendo até mais do que deveriam", elogia Elza de Carvalho Pereira, junto das agentes Ana Célia Koscosqui e Daniele Helbel Roberti | Foto: Fotos: Roberto Custódio

O grande ipê rosa plantado logo na entrada da UBS do jardim Bandeirantes foi eleito pelos funcionários como símbolo da unidade que acaba de completar 40 anos de funcionamento. Assim como a árvore, ao longo das quatro décadas a UBS foi aumentando de porte, floresceu e criou fortes raízes. Hoje, é referência em saúde para uma população de cerca de 16 mil habitantes de mais de dez bairros da zona oeste de Londrina.

A unidade foi inaugurada em 1977, junto à creche Matilde Vicentini. Só em 1990 ganhou uma sede própria, no prédio onde está hoje, na rua Serra da Graciosa, 700. Foi a segunda UBS do município, instalada logo depois da unidade da Vila Nova (Centro) e, no início, o bairro ainda tinha pouca infraestrutura. As casas eram todas de madeira e as ruas, sem asfalto. Em dias secos, o problema era a poeira e, nos dias chuvosos, a lama impedia a circulação dos ônibus do transporte público.

"Cheguei em 1969 aqui no jardim Bandeirantes. Vim visitar minha irmã, que morava aqui, e achei tudo muito feio. Muito barro e pó. Mas pouco depois acabei vindo morar aqui também", conta a aposentada Elza de Carvalho Pereira, 79 anos. Dos três filhos dela, dois sofriam de bronquite e o atendimento médico mais próximo ficava na região central.

De lá para cá, as coisas mudaram bastante. O acesso à saúde melhorou e hoje a aposentada conta com uma equipe de profissionais do Programa Saúde da Família que a atende em casa. "Sou usuária da unidade do jardim Bandeirantes e sempre fui muito bem atendida aqui. Como não estou conseguindo andar muito, as meninas vão lá em casa. Meu marido que é diabético há 30 anos também é acompanhado pela equipe. Eles vão em casa colher o material para os exames e fazer os testes de glicose. Toda a vida me atenderam muito bem, fazendo até mais do que deveriam", elogia Pereira.

"A gente atende todo mundo, mas tem as pessoas com quem criamos um vínculo mais forte", disse uma das agentes de saúde Ana Célia Koscosqui. Conforme a proposta de equidade do SUS (Sistema Único de Saúde), o acompanhamento é mais intensivo para aqueles que necessitam mais. "No jardim São Francisco, que é considerado uma área de risco pela distância da UBS, um médico vai até o centro comunitário a cada 15 dias e faz a consulta lá, onde também foi montada uma farmácia para que as pessoas não precisem ir até a unidade para buscar os remédios", lembrou a agente de saúde Daniele Helbel Roberti.

Eunice Hokama, coordenadora da UBS: implantação do Programa Saúde da Família permitiu conhecer melhor o território de atuação

EVOLUÇÃO
Assim como a região do jardim Bandeirantes, que se expandiu com o surgimento de novos loteamentos e melhorias na infraestrutura, a UBS também evoluiu. Se no final da década de 1970 a grande preocupação dos profissionais de saúde era combater doenças transmissíveis, como sarampo, caxumba, catapora, controlar a infestação de piolhos e erradicar as verminoses e diarreias, hoje o trabalho se concentra no tratamento e prevenção de doenças crônicas relacionadas ao estilo de vida, como diabetes e hipertensão, obesidade, depressão e câncer. "A expectativa de vida da população aumentou e o sistema de saúde evoluiu também. A gente faz um levantamento do perfil da morbidade e mortalidade e procura definir ações relacionadas a esse perfil", destacou a enfermeira coordenadora da UBS, Eunice Hokama.

Para definir as ações, explicou Hokama, é fundamental que a equipe conheça profundamente o território, que inclui os hábitos de vida da população, as áreas de vulnerabilidade e as doenças prevalentes. "Procuramos atuar na prevenção e no tratamento dessas doenças por meio de uma equipe multiprofissional", ressaltou a coordenadora.

A equipe da UBS é formada por 43 funcionários, entre auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos em saúde bucal, auxiliar de odontologia, assistentes administrativos e auxiliares de serviços gerais, além dos profissionais do Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), formado por educador físico, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e farmacêutico.

As equipes ainda estão desfalcadas. Dos 16 agentes comunitários que deveriam atuar na unidade, há apenas sete. E das três equipes do PSF, apenas duas têm médicos clínico geral. A previsão é de completar a terceira equipe apenas em 2018.

"O marco na nossa trajetória foram as ampliações. E em 2001 tivemos a implantação do Programa Saúde da Família nessa unidade, o que representou um avanço porque nos permitiu conhecer melhor nosso território de atuação com a equipe de multiprofissionais", ressaltou Hokama.

Nesta quarta-feira (22), para comemorar os 40 anos da UBS, os funcionários organizaram uma festa no centro comunitário, ao lado da unidade, em parceria com o Conselho Local de Saúde do Jardim Bandeirantes. O evento contou com apresentações artísticas, palestra e a apresentação de um vídeo contando a história da UBS, que se funde à história do bairro.