A controvertida remoção de uma rotatória na Avenida Tiradentes - no cruzamento com a Rua Deputado Nilson Ribas e a Avenida José de Alencar (Zona Oeste de Londrina) - abriu o debate na cidade sobre a eficiência das rotatórias nos cruzamentos mais movimentados.
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), a rotatória da Tiradentes foi retirada para a instalação de uma faixa exclusiva de ônibus que vai ligar as avenidas Maringá e Arthur Thomas.
Mas o corpo técnico do Ippul também admite que a característica de redução de velocidade provocada pela rotatória resultou em retenções do tráfego nos horários de pico. Após fechar a transposição e receber críticas dos motoristas, a administração municipal decidiu reabrir o cruzamento com a instalação de semáforos.
Intervenções nas estruturas são cada vez mais frequentes para atender a demanda crescente da frota, que alcançou este ano 300 mil veículos.
A mais comum é a instalação dos semáforos no interior dos cruzamentos circulares, como as que existem nos cruzamentos das avenidas Higienópolis e Juscelino Kubitschek e na confluência da Leste-Oeste com a Rio Branco. Há projetos prontos para a instalação de semáforos nas rotatórias do Terminal Ouro Verde (Zona Norte) e do Moringão (Área Central).
Cristiane Biazzono Dutra, gerente de trânsito do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), explica que a instalação dos semáforos é um recurso usado pela engenharia de tráfego quando a rotatória se torna um ''gargalo'' para o cruzamento.
Mas a combinação é vista com reservas por especialistas. ''A necessidade de se colocar um semáforo em uma rotatória é um mau sinal, o tráfego nas imediações daquele cruzamento está excessivo por falta de outras intervenções'', afirma Mário Stamm, doutor em transporte e professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Stamm lembra que as transposições de nível - a construção de trincheiras ou de viadutos - pode ser a única solução no caso de saturação das rotátórias. Mas Cristiane diz que do ponto de vista arquitetônico as transposições devem ser evitadas, se possível, porque há risco de degradação do entorno.
Na confluência da Leste-Oeste com a Avenida Rio Branco, uma das rotatórias com mais movimento e que já conta com semáforos na área circular, a transposição de nível parece inevitável. Até mesmo o Ippul já elaborou o projeto, que consiste na construção de uma trincheira na Leste-Oeste. A rotatória seria mantida para facilitar os acessos aos bairros vizinhos.
Uma outra transposição já projetada e que chegou a ser anunciada como futura obra na administração do prefeito Barbosa Neto foi a construção de um mergulhão na Avenida Juscelino Kubstchek, sob a Avenida Higienópolis.
Em outras rotatórias, como a da Avenida Maringá, na confluência com a Avenida Castelo Branco e com a Rua Goiás, a solução foi ampliar uma faixa de rolamento para suportar o volume de tráfego que deve crescer com a remodelação da via.
Para o urbanista Eduardo Suzuki, as rotatórias de Londrina apresentam falhas que antecipam a saturação. Para ele, muitas delas são pequenas, o que dificulta o escoamento do tráfego, tem formatos inadequados e estão instaladas em pontos não recomendados. Como exemplo de uma boa rotatória, Suzuki indica a que fica no cruzamento das avenidas Dez de Dezembro e Leste-Oeste. ''É grande, tem grande visibilidade e é absolutamente simétrica'', avalia.
Como contraponto, ele cita problemas na rotatória que fica na Leste-Oeste com a Rio Branco (''quem transita na Rio Branco, sentido centro, tem uma péssima visibilidade, com um dos acessos em declive, o cruzamento em rotatória não é recomendado'') e na rotatória da Avenida Maringá próxima ao Lago Igapó 2, que tem formato irregular (''com as faixas de rolamento ovaladas, a tendência de colisão é maior'').