Em dois anos o número de idosos que morreram atropelados no trânsito de Londrina chega a 115. Somente este ano os atropelamentos vitimaram 46 pessoas acima de 65 anos e no ano passado, neste mesmo intervalo, 69 pessoas da chamada terceira idade foram mortas, É o equivalente a 14,97% das mortes por atropelamentos na cidade, já que no mesmo período o total de vítimas fatais foi de 768. As informações são do Corpo de Bombeiros de Londrina, obtidas nesta semana. Os recentes acidentes envolvendo essa faixa etária demonstram que eles devem tomar mais precauções ao atravessar ruas e avenidas e os motoristas e motociclistas têm que ficar mais atentos.
O lavrador José Alves Machado, de 78 anos, quase entrou para essa estatística. Ele relatou que recentemente quase foi atingido quando atravessava a Avenida Leste-Oeste (Zona Oeste), nas proximidades do Cismepar. ''Eu consegui me desviar, mas acabei caindo no canteiro central da avenida'', declarou. Ele afirmou que atravessar naquele trecho é complicado devido ao fluxo intenso de veículos e salientou que muitos motoristas e motociclistas não prestam a devida atenção. Machado também admitiu que estava um pouco desligado. ''Achei que dava tempo para atravessar, mas não deu'', confessou.
Além desse trecho existem muitos outros pela cidade que oferecem riscos aos pedestres. O casal de porteiros aposentados Luiza e Odair Franco, respectivamente com 64 e 75 anos, reclamam que na Avenida Saul Elkind, próximo ao Hospital da Zona Norte, os motoristas raramente obedecem a faixa de pedestres. ''Eu nunca confio no sinal. Se o motorista não parar eu não atravesso'', afirmou Odair, que recentemente colocou uma prótese no joelho e, por isso, tem que andar com a ajuda de uma benagala.
Para algumas pessoas a campanha Pé na faixa, criada há cerca de três anos pela prefeitura, auxiliou bastante. A dona de casa Celina Figueira, de 77 anos, afirmou que sempre que vai a um hospital na Avenida Bandeirantes, os carros param para permitir a sua travessia. ''Para mim é uma bênção poder passar para todos os lados e os carros pararem'', declarou.
Mas essa confiança cega deve ser evitada. O prestador de serviços aposentado José Iaxi, de 77 anos, contabilizou que 25% dos motoristas não param diante da sinalização do Pé na faixa. ''Deveria ser estudada a implantação de uma maneira mais segura de se fazer a travessia nos pontos críticos'', afirmou.
Na Avenida Inglaterra (Zona Sul), onde recentemente morreu a dona de casa Josefina Santos Martins, de 79 anos, a professora aposentada Noeli Maria Martins, de 56 anos, revelou que tem medo de realizar a travessia mesmo na faixa de pedestres. ''Poucos motoristas param na faixa e muitas vezes há o risco de atropelamento, pois enquanto um para obedecendo a sinalização, outros seguem em frente''
A instalação de faixas elevadas de pedestres representa um equipamento de segurança cobiçado por comunidades de várias regiões. É o caso dos moradores dos arredores da Rua Araguaia, localizada na Vila Nova (Centro). Para Justino Bispo Ramos, de 84 anos, morador do Albergue Lar dos Vovôs, a instalação de uma faixa elevada nas imediações facilitaria a sua caminhada matinal. ''Isso diminuiria a velocidade dos carros e poderíamos atravessar a rua com mais tranquilidade'', apontou.
A reportagem procurou a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) para obter mais informações sobre a campanha Pé na Faixa e os planos de expansão das lombadas elevadas, mas o diretor de Trânsito, Wilson de Jesus, não atendeu as ligações.