Uraí - A Irmandade Santa Casa de Uraí estava sob intervenção municipal desde 2014, quando um paciente teria morrido vítima de atendimento prestado por um falso médico contratado pela então diretoria da instituição, segundo o prefeito Sérgio Henrique Pitão. Por decreto, a intervenção deveria se estender até 16 de outubro de 2016. Durante esse período, o município repassou entre R$ 150 mil e R$ 180 mil mensais para custear o funcionamento da unidade de saúde.
Em maio passado, a irmandade decidiu em assembleia que após o vencimento do prazo da intervenção, retomaria a administração do hospital. A ata foi protocolada na Prefeitura de Uraí, mas de acordo com o prefeito Sérgio Henrique Pitão, no último dia 13, três dias antes do fim do prazo para o encerramento da intervenção, a irmandade protocolou um novo documento, informando que não teria mais interesse na gestão da Santa Casa.
Somente no último sábado (15), a irmandade realizou uma assembleia para constituir o conselho administrativo da instituição, decisão fundamental para que pudesse retomar a gestão do hospital. Na assembleia, o vice-prefeito eleito, Luiz Marcelo Cazella Correia, foi escolhido o novo provedor da instituição.
Cazella, no entanto, afirma que a decisão tomada pela irmandade na assembleia em maio, de voltar a gerir o hospital a partir de 17 de outubro, foi motivada pelo fato de que a prefeitura queria "vender ou comprar" a Santa Casa. "A irmandade não concorda com a venda. Eles queriam pagar R$ 400 mil pelo hospital que ocupa um quarteirão."
O prefeito confirma que chegou a fazer uma proposta de compra da unidade, mas dos 4.350 metros quadrados de área construída, o município teria interesse apenas nos 1.451,76 m2 do pronto-socorro. Pelo negócio, o município teria oferecido R$ 460 mil.
"Nós não temos condições de manter o hospital sem o repasse da prefeitura", disse Cazella. "Temos R$ 4 milhões em dívidas. Para a gente tocar o hospital, tem que ter certidão negativa. Se não, a prefeitura não pode fazer os repasses. Nós iríamos assumir a administração do hospital a partir de outubro se a prefeitura mantivesse os repasses."
Fundada há 68 anos, a Santa Casa de Uraí tem 50 leitos, 36 funcionários e realiza cerca de 2 mil atendimentos por mês. Com o fechamento do hospital, os funcionários serão dispensados até o próximo dia 31 de dezembro. A partir de janeiro, quando o novo prefeito assumir o posto, a expectativa de Cazella é que a instituição volte a ficar sob intervenção municipal. Com o retorno dos repasses financeiros do município, a unidade poderá voltar a receber pacientes.
Mobilizada pelo grupo político que venceu as eleições em outubro, hoje a população deverá se reunir em frente a Igreja Matriz, no centro da cidade, para protestar contra o fechamento do hospital.(S.S.)