Reportagem percorreu algumas vias: paradas constantes nos cruzamentos
Reportagem percorreu algumas vias: paradas constantes nos cruzamentos | Foto: Saulo Ohara



Londrina possui um trânsito problemático e parte disso está relacionada à falta de sincronia de semáforos. É comum encontrar vias em que o motorista precisa parar várias vezes em distâncias curtas. O comerciante John Gregori Nobre classifica como péssima a sincronia dos semáforos. A reportagem o abordou quando estava na Rua João Cândido (área central), uma via que em tese deveria ter um fluxo mais livre, já que abriga uma faixa exclusiva para ônibus. "Abre aqui e lá (na próxima quadra) continua fechado. A gente não consegue pegar o sinal aberto na mesma sequência", reclama. Quando a reportagem percorreu essa rua, entre as avenidas Bandeirantes e Leste-Oeste, teve de parar em cinco cruzamentos, mesmo mantendo a velocidade exigida nas placas de trânsito: Avenida Juscelino Kubitschek, ruas Alagoas, Espírito Santo, Pará e, finalmente, Leste- oeste.

Na Rua Benjamin Constant (área central) o problema se repete. Ao percorrer a via, a reportagem teve de parar nas ruas Hugo Cabral e João Cândido, na Avenida São Paulo, na Rua Minas Gerais e na Avenida Duque de Caxias. O taxista Edilson dos Santos Ferreira, cujo ponto fica no Terminal Rodoviário, critica o sistema atual. "Atrapalha o meu serviço. Muitas vezes o semáforo fecha muito rápido", reclama. A Benjamin, como é conhecida pela população, também possui faixa exclusiva de ônibus e é o endereço que abriga o Terminal Urbano Central.

Quando o semáforo não está sincronizado, o motorista mal começa a acelerar e precisa parar de novo. Isso provoca o aumento das reclamações e da impaciência dos motoristas; gera descrédito ao sistema de semáforos; intensifica o bloqueio dos cruzamentos pelos veículos e gera mais acidentes, entre outras consequências.

CENTRAL
O diretor de Trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Hemerson Oliveira Pacheco, contesta as críticas e afirma que, apesar de o sistema funcionar com equipamentos antigos, a sinalização semafórica não é ruim. "Quando há uma queda de luz, temos que fazer o ajuste de forma artesanal. Mesmo assim estamos em um padrão aceitável em relação aos equipamentos. Não descartamos a possibilidade de trocá-los, pois um equipamento moderno traria uma segurança maior para o londrinense", afirmou, dizendo que repassou para a atual gestão municipal a necessidade ter uma central de monitoramento dos semáforos.

Segundo ele, Londrina possui 265 semáforos instalados, dos quais 70 no quadrilátero central. O diretor não soube dizer quantos deles ainda são eletro- mecânicos, quantos são eletrônicos e quais deles são semáforos inteligentes.

A professora do curso de Engenharia elétrica da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Sílvia Galvão de Souza Cervantes, explica que o semáforo eletromecânico funciona com roldanas e engrenagens mecânicas. "Dá para ouvir o barulho quando se fica perto da caixa de cada em desses semáforos. Já os eletrônicos podem ter uma série de programações por horário, por dia ou horário de pico", informa Sílvia, que estudou os semáforos de Londrina por cinco anos em trabalho conjunto com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina.

O presidente do Ippul, Nado Ribeirete, afirmou que por muitos anos houve um entendimento que a verba para modernização do semáforo não poderia vir do DPVAT. "Mas agora já existem municípios que estão fazendo isso, como Maringá. Essa alternativa de recursos é importante para Londrina. Temos muitas áreas conflitantes e já estamos em contato com o conselho curador do FGTS para tratar de recursos para projetos de novos viadutos, que podem auxiliar nesse questão de mobilidade", afirmou Ribeirete.

PRIMEIRAS
O engenheiro eletricista e eletrônico, com especialização em telecomunicações, Auber Silva Pereira, participou de processo licitatório para realizar as primeiras sincronizações de semáforos via cabos metálicos em 1997 em Londrina. Ele foi responsável pela implantação nas avenidas Maringá e Juscelino Kubitschek e na Rua Goiás. "As dificuldades que encontrei naquela época foram em relação ao lançamento de cabos nas vias para ligar esses semáforos, já que a implantação do zero é uma questão que atrasa o cronograma. Isso foi resolvido com o uso de cabos metálicos da Sercomtel que estavam ociosos."

Sua ideia acabou sendo acatada, mas não a implantação de seu projeto em que haveria o chamado "laço" - sistema que permite a contagem da densidade de fluxo de veículos em determinado sentido. "Na época imaginava o fluxo do trânsito como se fosse uma artéria, um sistema vivo. A Avenida Tiradentes possui uma demanda diferente durante a Exposição em relação a outros períodos do ano. A gente tinha proposto dois sistemas, um com monitoramento pelo sistema de laço e que era complementado com sistema estatístico. Por esse sistema os semáforos não tinham tempo fixo e privilegiariam um sentido em detrimento de outro de acordo com a demanda", destacou.