Avenida Dez de Dezembro, próximo à Rodoviária: alta velocidade e falta de atenção
Avenida Dez de Dezembro, próximo à Rodoviária: alta velocidade e falta de atenção | Foto: Celso Pacheco



Muitos acidentes de trânsito acontecem por culpa de motoristas e motociclistas imprudentes, no entanto pouco se fala daqueles que acontecem por culpa de pedestres – tanto por irresponsabilidade quanto por dificuldades de mobilização. Em Londrina, foram registradas 17 mortes por atropelamento em 2016 contra 26 registradas em todo o ano passado. Desse total de 2016, 11 acidentes fatais vitimaram pessoas com mais de 60 anos.



O coordenador de Educação de Trânsito da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Carlos Eduardo Ribeiro, destacou que a idade deixa a visão e a audição debilitadas. "Às vezes ele acha que consegue atravessar, quer correr e acaba não conseguindo. Esse reflexo varia de idoso para idoso, mas normalmente a gente calcula o tempo de travessia de uma via deve ser sete segundos, mas em locais em que há um grande trânsito de idosos nós estabelecemos que esse tempo pode aumentar para 14 segundos", aponta.

"Se formos analisar, 95% de todos os casos de acidente são decorrentes de falha humana, de imperícia. Geralmente a pessoa foi imprudente. Há vários que atravessam a rua fora do local apropriado. O pedestre acha que tem sempre a preferência em qualquer lugar, mas não é bem assim", aponta Ribeiro. Segundo ele, muitos pedestres deixam de observar que cinco passos ao lado existe uma faixa de segurança. "O pedestre em geral é mal-educado. Este ano tivemos uma redução no número de atropelamentos, mas essa queda é insignificante. Enquanto houver óbito, é necessário trabalhar para acabar com isso", afirma.

Segundo o coordenador, quando um pedestre atravessa fora da faixa, no meio da quadra ou mesmo caminhando pela via de maneira diagonal, ele está assumindo riscos desnecessários. "É preciso ficar o menor tempo possível na via. Estudos indicam que a cada metro de travessia que a pessoa reduz, há uma diminuição de 10% a 15% do risco de ser atropelado. Sem falar que muitos correm e podem tropeçar e cair no meio da pista, aumentando esse risco ainda mais", orienta.

O fato de os pedestres serem descuidados não exime a responsabilidade dos condutores, que devem manter sempre a atenção. Muitos desses acidentes poderiam ter sido evitados se os veículos estivessem trafegando em velocidade mais baixa ou se a pessoa tivesse obedecido a sinalização da faixa de pedestres.

Em julho deste ano, um homem de 54 anos morreu depois de ser atingido por um veículo na Avenida Dez de Dezembro, em frente à Rodoviária (zona leste). Segundo testemunhas, o homem atravessava na faixa de pedestres. A reportagem acompanhou a travessia de vários pedestres nesse ponto e constatou que muito motoristas não pararam, mesmo vendo que havia um pedestre à sua frente.

O segurança Roberto Santos foi abordado pela reportagem antes de fazer a travessia no mesmo ponto. Ele destacou que o local é muito perigoso. "Já vi alguns acidentes aqui e neste ponto há uma falta de atenção dos próprios motoristas. Vários não usam a seta, e nem reduzem a velocidade", observa.

O mecânico Tiago Ribeiro dos Santos trabalha em frente a essa faixa de pedestres e conta que o acidente fatal não foi o único atropelamento por lá. "Recentemente teve uma motocicleta que atropelou uma idosa. Atravessar aqui é bem complicado. Tem muito motorista que vem em alta velocidade e também falta atenção do pedestre na hora de atravessar", relata.

Sobre a velocidade desenvolvida nas ruas de Londrina, os radares fixos e móveis da CMTU registraram de janeiro a agosto mais de 74.592 autuações por excesso de velocidade em um universo de 370 mil veículos. É como se um a cada cinco veículos de Londrina recebesse multas por este motivo.