Localizada no centro da cidade, estrutura se deteriora: ação do tempo e dos vândalos
Localizada no centro da cidade, estrutura se deteriora: ação do tempo e dos vândalos | Foto: Ricardo Chicarelli



Ibiporã - Entregue no final de 2008, o prédio que abrigava a Biblioteca Pública Municipal de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) não recebe um livro ou visitante há oito anos. O espaço funcionou apenas alguns meses e foi fechado no ano seguinte à inauguração, em razão de impasse entre prefeitura e construtora após chuvas danificarem a estrutura. Com sinais de abandono, vários problemas acumularam neste tempo, entre eles o uso do local para consumo de drogas.

Morando em frente ao local, a dona de casa Elizabeth Denardo se diz indignada com a situação. Segundo ela, a insegurança da vizinhança depois que o prédio foi lacrado tornou-se constante. "Isso é um vergonha. É ponto de tráfico, motel e serve para andarilhos passarem à noite. Estamos cansados de falar e ninguém toma providência", desabafa. "Pessoas ainda fazem suas necessidades ali e o cheiro é insuportável dentro de casa", completa.

Ao invés de prateleiras de livros, o que se vê atualmente são pichações, mato alto, lixo e paredes e vidros quebrados. Situado no centro de Ibiporã, e ao lado da Casa de Artes do município e do Cine Teatro Padre José Zanelli, o prédio ainda possui uma obra do artista Henrique Aragão, morto em 2015. Em meio aos sinais de vandalismo, é o único trabalho que até o momento não foi danificado.

Para o pedreiro Carlos Roberto Rocha, o prédio poderia ser mais um ponto turístico na cidade. "Era algo para a população aproveitar, porém está largado. O prédio onde hoje funciona a biblioteca é longe do centro, e acaba afastando muitas pessoas. Isso não aconteceria se o local que foi preparado para isso tivesse funcionando. Desde que foi entregue, os benefícios para as pessoas ficaram apenas na imaginação", acredita. A biblioteca da cidade funciona, desde 2010, de forma "temporária" na avenida 19 de dezembro, próximo ao Centro de Eventos.

Na época da obra, a edificação custou cerca de R$ 700 mil aos cofres públicos. A quantia chega a R$ 1,2 milhão em valores atualizados. "É dinheiro do contribuinte jogado fora, já que não temos o serviço à disposição. Era bom que funcionasse logo ou que dessem outra destinação. Do jeito que está é ruim para todos e só indigna quem vê", lamenta a dona de casa Nilda Pereira dos Santos.

Com o objetivo de coibir mais ações de vandalismo e de pessoas que usam a estrutura para consumir drogas, a prefeitura fechou, recentemente, o acesso com tapumes de alumínio. Várias partes, porém, já apresentam danos e não protegem mais como deveriam. "É um jogo de empurra-empurra em que a população, que é a maior interessada, sai perdendo", constata Elizabeth Denardo.

Impasse foi parar na Justiça
O novo prédio da Biblioteca Pública Municipal de Ibiporã foi interditado após um vendaval, em outubro de 2009. Vários problemas apareceram após este episódio, sendo os mais graves relacionados a infiltrações, o que danificou a sustentação. A partir daí, começou o imbróglio entre prefeitura e construtora. Enquanto o Executivo cobra o seguro previsto em contrato, a empresa alega que o poder público não tomou os devidos cuidados.

Uma audiência na Justiça entre as duas partes está marcada para agosto. De acordo com o prefeito do município, João Coloniezi (PMDB), o desejo é de consenso entre as partes o quanto antes. "Sabemos que existe a cobrança da população. Estamos interessados em ver a viabilidade de assumir um acordo. Este problema acabou se arrastando também em razão da morosidade do judiciário", justificou. "A ideia é que este espaço possa ser integrado à Fundação Cultural, servindo como ponto educacional e cultural."

Levantamento realizado pela prefeitura mostrou que seriam necessários cerca de R$ 380 mil para arrumar tudo que está danificado no prédio. O valor significa a metade de tudo que foi gasto para a construção. Entre os serviços previstos estão a colocação de nova fiação e troca de gesso, alvenaria e calhas. "Quanto mais demora, mais caro fica", afirmou Coloniezi.
De acordo com Edgar Alfredo Contato, advogado da Contato Engenharia, uma perícia judicial mostrou que faltou manutenção da prefeitura no sistema de escoamento pluvial. "Por parte da construtora, existe o interesse para esclarecer os fatos e contribuir para a resolução do problema, dentro da responsabilidade de cada um. A empresa sempre esteve aberta a negociação, disponibilizando tudo o que foi solicitado pela Justiça e prefeitura", elencou. (P.M.)