Seis pessoas foram executadas, no início da madrugada de ontem, em uma chacina no bairro Xaxim, em Curitiba. Os cinco homens e uma mulher seriam usuários de crack e foram mortos por dois homens encapuzados que, segundo testemunhas, chegaram e deixaram a casa andando. O crime aconteceu por volta da meia-noite em uma residência na Rua Benedito Lúcio Machado. De acordo com o delegado da Homicídios, Rodrigo Oliveira, que investiga o caso, cada uma das vítimas foi executada com, pelo menos, três tiros - todos na cabeça.
A polícia trabalha com várias linhas de investigação. Uma delas é que alguma das vítimas estaria envolvida com o tráfico de drogas e as outras morreram por estarem no local. A suspeita mais forte é de acerto de contas ou disputa por pontos de venda de entorpecentes.
O delegado informou que todas as equipes da Delegacia de Homicídios estão mobilizadas para identificar, o mais rápido possível, os autores do crime, que o policial definiu como "bárbaro". Alguns suspeitos já foram identificados, mas a polícia prefere não revelar nenhuma informação para não prejudicar as investigações.
A casa pertencia a Valdir Fagundes Pereira, de 46 anos, conhecido como Di, uma das vítimas do homicídio. As outras são Marcos Roberto Barbosa, de 35 anos, Rafael Starium Machado, de 24, Celso Juliano dos Reis, de 33, Jefersson Godói Bueno, 35, e Elizabete do Rocio Plahinsce, de 43.
Um agente do serviço reservado da Polícia Militar (PM), que preferiu não ser identificado, informou que o local já havia sido denunciado como ponto de tráfico. Segundo o policial, era comum que usuários de crack se reunissem na residência para se drogar. Ele revelou, ainda, que a região do Xaxim onde aconteceu o crime concentra vários pontos semelhantes.
O delegado Oliveira diz que duas armas diferentes foram usadas na execução - uma pistola 9 milímetros, de uso restrito, e outra 380. A cunhada de Valdir Pereira, Juscelene Fagundes Pereira, que vive na casa ao lado, relatou que, antes das mortes, escutou a ordem: "Todo mundo de bruços". Logo em seguida, vieram os disparos. Segundo Juscelene, foram cerca de 20 tiros. "Foi um horror. Parecia vários foguetes. Em casa, deitamos no chão com medo das balas passarem", relembrou.
Juscelene contou que no bairro todos sabiam que a casa era usada como ponto de encontro de usuários de crack. "Todo mundo sabia, mas nunca veio um policial aqui, apesar das denúncias", conta. Ela diz, ainda, que Pereira tinha bom relacionamento com todos no bairro e que não era traficante, apenas usuário. "Não desconfio quem pode ter sido. Só ouvimos os tiros", afirmou.