Londrina - A Secretaria Municipal de Saúde de Londrina pretende implantar quatro Unidades de Acolhimento de Adultos (UAA), que funcionarão como abrigos transitórios para moradores de rua que necessitarem de atendimento médico e psicológico do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). A informação foi repassada pela gerente de Saúde Mental da pasta, Silvana Aparecida Valentim, que destacou que as novas unidades devem ser construídas no ano que vem.
De acordo com Silvana, os recursos vêm do governo federal, por meio do programa "Crack, é possível vencer". O programa visa prevenir o uso e promover a atenção integral ao usuário, aumentando os serviços de tratamento e atenção. Os moradores de rua, por comporem um público que está bastante ligado ao problema, também serão beneficiados. Cada unidade está orçada em R$ 500 mil.
Segundo a gerente, cada unidade terá a capacidade de acolher até 15 pessoas de ambos os sexos, com mais de 18 anos. A permanência é de caráter voluntário e cada pessoa poderá ficar por no máximo 6 meses. "A unidade acolherá e oferecerá cuidados contínuos e protetivos que permitirão que esses moradores de rua garantam o direito de moradia, educação e convivência familiar e social", explicou.
Essas unidades atenderão as necessidades de pessoas como Éverton Henrique Borges, de 21 anos, morador de rua desde os sete anos. Ele revelou que era usuário de drogas, mas garantiu que está sem consumir há um ano e meio. Apesar disso, ele garantiu que recorreria a uma unidade de acolhimento, caso tivesse uma recaída.
Rodrigo Ferreira dos Santos, de 32, afirmou que as UAAs seriam úteis para muitas pessoas, mas que ele ainda prefere ficar na rua. "Eu tenho o meu cantinho no qual eu durmo todos os dias. Se for para um abrigo ou casa de acolhimento a gente perde a liberdade", destacou. Atualmente Santos vive da coleta material reciclável na região central. "Eu vim do Mato Grosso, depois de brigar com minha irmã e com meu irmão", destacou.

Consultório ambulante
A gerente Silvana Valentim ressaltou que as unidades vão se somar a um projeto implantado há um ano e oito meses. Trata-se do Consultório de Rua, que funciona como um consultório ambulante do Programa Saúde da Família, mas voltado para pessoas em situação de rua. Segundo ela, a equipe é formada por assistente social, enfermeira, psicóloga, dois técnicos em enfermagem e um técnico em saúde bucal.
Ela explicou que o consultório de rua permite chegar até as pessoas que ficam inibidas de ir a uma unidade básica de saúde convencional. "Muitas vezes, quando os profissionais perguntavam, a pessoa dizia que estava bem, mas na realidade estava com queimaduras que inspirariam cuidados. O consultório de rua tem condições de realizar esse primeiro atendimento e encaminhar o paciente para outras unidades em caso de necessidade", explicou.

Reunião
A assistente social da equipe do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), Sandra Coelho, ressaltou que no dia 3 de dezembro será realizada uma reunião com representantes de várias secretarias municipais. Eles apresentarão propostas de metas e de planejamento para os próximos anos.
De acordo com Sandra, a recomendação de integração das pastas partiu do Ministério de Desenvolvimento Social, que cobrou o estabelecimento de metas. Ela destacou que as diferentes secretarias já trabalhavam de forma integrada, mas o trabalho era realizado de forma solta, sem que se estabelecesse um cronograma de ações. "Agora ficará mais organizado e com esse planejamento há mais condições para que os projetos sejam continuados", ressaltou. De acordo com Sandra, Londrina possui hoje 300 pessoas em situação de rua.