Levantamento da Secretaria da Educação aponta 44 ocorrências em escolas nos três primeiros meses de 2017
Levantamento da Secretaria da Educação aponta 44 ocorrências em escolas nos três primeiros meses de 2017 | Foto: Fotos: Gustavo Carneiro



Portas arrombadas, sujeira, comida espalhada pela cozinha e furto de equipamentos eletrônicos estão fazendo parte da rotina de muitas escolas municipais de Londrina. Instituições cuja função principal é acolher, educar e proteger as crianças da comunidade, esses estabelecimentos não estão resistindo à ação de vândalos e ladrões que, muitas vezes, moram no mesmo bairro. Conforme levantamento da Secretaria Municipal de Educação, foram 44 ocorrências apenas nos três primeiros meses de 2017, seis delas apenas na semana passada. Além do prejuízo financeiro, diretoras relatam que a vulnerabilidade à violência interfere na aprendizagem dos alunos e afeta a a rotina dos educadores.

A Escola Municipal Eugênio Brugin, no Conjunto São Lourenço (Zona Sul), sofreu cinco arrombamentos apenas na primeira quinzena de março. O problema é recorrente na escola que, no início de 2016, chegou a fazer uma mobilização na comunidade para coibir as invasões. "Melhorou durante um tempo, mas agora o problema voltou com força total", lamenta a diretora Joselita Marques Fritz, que já se acostumou a pedir para lavar a quadra da escola todas as segundas-feiras por causa do lixo acumulado que inclui preservativos, cigarros e latas queimadas.

Além das invasões recorrentes, ela relata que os vândalos algumas vezes arrombaram portas, espalharam detergente pelo chão, levaram todos os vidros de álcool e mexeram na merenda das crianças, o que obrigou a escola a inutilizar parte dos alimentos. "É triste, porque nossa comunidade é carente e muitos alunos fazem aqui a principal refeição do dia", conta. Após um dos ataques, as merendeiras foram obrigadas a oferecer bolacha e maçã para meninos e meninas que não tinham almoçado. "Quem vai aprender alguma coisa de barriga vazia?", questiona.

Diretora de uma instituição ressalta que as maiores prejudicadas com os roubos são as crianças
Diretora de uma instituição ressalta que as maiores prejudicadas com os roubos são as crianças



Em 2016, ladrões invadiram a biblioteca e a sala de recursos e levaram computadores usados para apoiar os alunos com necessidades especiais. "Eu sempre fui adepta de deixar o portão da escola aberto para a comunidade poder usar a quadra nos fins de semana, mas diante dos roubos decidi fechar, o que não adiantou nada, porque agora os vândalos pulam o muro", denuncia, lembrando que a própria comunidade já não estava frequentando o local por causa da falta de segurança.

Joselita informou que a própria Secretaria Municipal de Educação sugeriu que a escola fizesse nova mobilização para sensibilizar a comunidade. "É um prejuízo para a secretaria, que precisa fazer manutenção das portas e repor a merenda. Levar o arroz e feijão das crianças é inaceitável", desabafa.

Outra preocupação da diretora é que a frequência das invasões acabam ajudando a naturalizar ainda mais a violência no bairro. "Por isso conversamos sempre com as crianças sobre a gravidade da situação, reforçando que não é natural roubar a escola. Não podemos nos acostumar com essa situação", diz.

No Jardim Santa Joana, também na zona sul, a escola municipal Osvaldo Cruz também sofre com a falta de segurança. "Durante as férias roubaram os computadores da sala de recursos. Para continuar trabalhando, a professora responsável pelo atendimento está levando o próprio notebook", relata a diretora Antônia de Oliveira Alexandre.

A escola tem sido vitimada por vândalos e ladrões pelo menos duas vezes por mês e, apesar das câmeras de segurança registrarem a movimentação, não evitam as invasões. "Pedimos para subir os muros e aguardamos o fim da licitação. É um absurdo ter que proteger um bem da comunidade", lamenta ela, que contabiliza também o roubo de televisão e até botijão de gás. "Temos poucos recursos para comprar equipamentos para o bem da escola. Os roubos atrapalham nosso trabalho, mas as maiores prejudicadas são as crianças."