Londrina - De acordo com um monitoramento que vem sendo realizado desde o mês de julho, todos os 21 municípios de abrangência da 17ª Regional de Saúde, em Londrina, apresentam uma alta infestação do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, e de circulação viral.
Ontem de manhã, cerca de 250 médicos e enfermeiros de 97 municípios da macrorregião do Norte do Estado se reuniram em Londrina para discutir ações de serviço de organização da assistência e manejo clínico do paciente com dengue.
O chefe da divisão de Vigilância em Saúde da 17ª RS, José Carlos Moraes afirma que todos estão sob risco de epidemia, com destaque para Alvorada do Sul e Bela Vista do Paraíso (Região Metropolitana de Londrina). "São onde os casos apresentam um crescimento mais significativo", observa.
Nos últimos três meses, Alvorada do Sul registrou 8 casos confirmados e 93 notificações, com um índice de infestação de 5%. "Isso significa que de cada 100 casas percorridas, cinco têm a presença do Aedes aegypti", comenta Moraes. Em Bela Vista do Paraíso, no mesmo período são 5 casos positivos e 41 notificados. De acordo com Moraes, todos são autóctones, ou seja, contraídos no próprio território.
Considerando todos os municípios, Moraes revela que os índices de infestação variam entre 1% e 5%, e de agosto até hoje somam 2.264 notificações e 74 casos positivos. Se computados desde o início do ano, os números saltam para 20.286 notificados e 3.537 confirmados. Ainda de acordo com ele, nenhum óbito foi registrado.
"Para mim, o risco é iminente por fatores como a ausência de mobilização da sociedade, dificuldades na gestão municipal para organizar serviços e realizar ações integradas, além da qualidade das atividades de campo e de controle, desde a vigilância epidemiológica até as visitas domiciliares", salienta o chefe da divisão de Vigilância.
Na semana passada, a reportagem da FOLHA esteve em Alvorada do Sul para checar a situação da dengue. O secretário municipal de Saúde, Celso Routulo reconheceu que a cidade ficou quase um ano sem um trabalho de prevenção devido às dificuldades no período de transição da administração municipal. Neste ano, o município recebeu recursos do governo estadual para aquisição de equipamentos de segurança, máquinas costais e contratação de funcionários temporários.

Gestão de crise
Diante do risco epidêmico, Moraes diz que um novo monitoramento vem sendo realizado nessas localidades, além do processo permanente de capacitação em todas as áreas. "Estamos compondo um grupo técnico de gestão de crise, com membros de vários setores para analisar a evolução dos casos e prestar assessoria no planejamento de ações e organização de estratégias de contenção em nível municipal", afirma, revelando que outra estratégia é trabalhar em conjunto com o Ministério Público, que propõe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para todos os municípios que tiverem irregularidades no trabalho do controle da dengue e também para os moradores que forem reincidentes nas ocorrências de foco do mosquito.

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