A região com maior percentual de infestação é a norte; criadouros do mosquito são encontrados principalmente dentro de casa
A região com maior percentual de infestação é a norte; criadouros do mosquito são encontrados principalmente dentro de casa | Foto: Saulo Ohara



Londrina está em risco epidemiológico em relação à infestação do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, zika vírus e chikungunya. Dados do quarto e último Liraa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti) de 2017, revelam um índice geral no município de 4,3%. Os resultados foram divulgados nesta quarta-feira (29), pelo secretário municipal de Saúde, Felippe Machado.

Os agentes de endemias vistoriaram 8.823 locais entre os dias 6 e 11 de novembro, e a cada 100 imóveis quase metade tinha focos do mosquito. Para se ter uma ideia do risco, o Ministério da Saúde preconiza como satisfatório o índice abaixo de 1%. Já o estado de alerta é quando menos de 3,9% dos imóveis avaliados têm focos positivos. O município está acima disso.

No Liraa anterior, realizado entre os meses de julho e agosto, o índice estava bem abaixo, com 0,5%. O secretário disse que o aumento era esperado devido às pancadas de chuvas isoladas das últimas semanas e menor cuidado preventivo por parte da população.

Imagem ilustrativa da imagem Risco de epidemia de dengue em Londrina



A região com maior percentual de infestação é a norte, com 5,20% dos imóveis com focos. Na sequência, estão as regiões leste (4,73%), centro (4,51%), sul (4,05%) e oeste (2,59%). Já em um recorte por bairro, os mais preocupantes são: Chácara Eucaliptos (38%); Chácara São Miguel (37%); Royal Golf (30%); Parigot de Souza (24%); parque industrial Germano Balan (21%); Petrobras (21%); Vila Casoni (15%); jardim Rosicler (15%); jardim Oriente (14%) e parque das Indústrias Leves (14%).

"Estamos analisando esses resultados com preocupação, até porque estamos entrando no período de calor. No entanto, apesar do estado de alerta para a infestação, o número de casos confirmados de dengue estão relativamente controlados", afirma o secretário.

Segundo ele, atualmente são 34 casos confirmados e mais de 4 mil notificações. "No mesmo período do ano passado, estávamos com 5.127 casos confirmados e mais de 15 mil notificações. A ideia é intensificar as ações de combate para não aumentar os números da doença", destaca.

Em relação ao zika vírus, da 1ª à 46ª semana epidemiológica de 2017, dados do Sinannet/Datasus (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) mostram apenas notificações, sendo 28 no total. Quanto ao chikungunya, dos 42 casos notificados, um foi confirmado e seis estão em andamento.

"As ações de campo através das equipes de endemias serão intensificadas nas regiões de maior risco em paralelo aos trabalhos educativos. Se necessário, aplicaremos na sequência, estratégias mais agressivas em parceria com o Estado, como por exemplo, o fumacê", comenta o secretário.

Imagem ilustrativa da imagem Risco de epidemia de dengue em Londrina



HÁBITO
A maior parte dos criadouros do mosquito Aedes aegypti está dentro das residências, especialmente em vasos de plantas e bebedouros de animais. "Também encontramos muitos focos em materiais em desuso, depositados nos quintais", diz o agente de endemias Maykon José de Oliveira.

Ele atua no combate ao mosquito há cerca de cinco anos e diz que, apesar da população ter consciência sobre os perigos das doenças transmitidos pelo Aedes aegypti, tem percebido que poucos têm o hábito de vistoriar a casa, especialmente após as chuvas.

Em pouco mais de duas horas percorrendo o bairro São Paulo 2, na zona norte, Oliveira encontrou dois focos em um terreno baldio. "Tinha larvas em uma embalagem de produto de limpeza e em uma lata de tinta. Neste último, encontrei o mosquito nas três fases: larva, pupa e o mosquito pronto para voar", conta Oliveira.

A poucos passos do terreno, o agente de endemias Douglas Henrique Guerino vistoriava o quintal de Rute Teixeira. Ao ser questionada sobre a dengue, ela respondeu saber apenas que se trata de um bichinho que pica e pode matar.

Apesar do conhecimento sobre o perigo da doença, a dona de casa não imaginava que focos do mosquito estava por perto, especificamente em um tambor com restos de material de construção. Ao avaliar a água parada, Guerino encontrou muitas larvas. "Nessa fase, podemos escoar a água que a elas morrem, mas o ideal é que esse recipiente seja lavado, pois pode conter ovos que sobrevivem até um ano em ambiente seco", ressalta.

Em todo o Brasil, 357 municípios têm risco de surto

O novo Liraa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti) divulgado pelo Ministério da Saúde aponta que das 3.946 cidades brasileiras 357 estão em situação de risco de surto de dengue, zika vírus e chikungunya. Isto é, mais de 9% das casas visitadas nesses municípios tinham larvas do mosquito. O levantamento também apontou 1.139 cidades em alerta e 2.450 com índices satisfatórios, com menos de 1%, como é o caso de Curitiba.

Os anúncios foram feitos pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, na terça-feira (28) e incluíram os números da dengue no País. Até o dia 11 de novembro deste ano foram 239.076 notificações. Uma redução de 83,7% em relação ao mesmo período de 2016, quando forma notificados 1.463.007 casos.

A mesma queda foi constatada na número de óbitos, reduzindo de 694 em 2016 para 122 em 2017. Também houve redução na taxa de incidência de chikungunya, passando de 131,8 casos para cada 100 mil habitantes, em 2016, para 89,5 casos em 2017. Na avaliação do zika, até 11 de novembro a taxa de incidência passou de 103,9 em 2016 para 8,2 neste ano. (M.O.)