Neuropsicóloga e analista do comportamento, Cibely Pacifico afirma que o maior prejuízo para uma criança que cresce no acolhimento institucional é a coletivização. "A criança não é vista como única, como indivíduo. Suas vontades não são consideradas", destacou. Para as crianças até os 3 anos de idade, diz ela, a falta da individualidade é ainda mais danosa. "No abrigo não tem um cuidador único. Várias pessoas cuidam de uma mesma criança e ela não desenvolve o apego, que é importante para prevenir doenças, como depressão, ansiedade e até sociopatias, como a delinquência."
O convívio familiar, destacou Cibely, também é importante para o desenvolvimento do sentimento de empatia, aprendendo a colocar-se no lugar do outro. "No abrigo, ela tem de obedecer às normas da instituição. Por mais que tenha convívio com os cuidadores, estes não têm o olhar para ela, a atenção para ela e ela não cria empatia. A questão de sentimento a gente também aprende com os modelos", explica a especialista do Núcleo Evoluir.
"Na família acolhedora, o afeto é estimulado. A pior coisa que pode acontecer com a pessoa humana é viver sem desenvolver nenhum laço de carinho, de afeto. É uma criança sem alma", afirma o juiz da Vara da Infância e Juventude da comarca de Cascavel, Sérgio Luiz Kreuz.(S.S.)