Fundada em Londrina há 26 anos, a Associação Cultural de Capoeira Maculelê realiza intenso trabalho de cidadania. Com o projeto "Ginga", a instituição atende crianças em vulnerabilidade social, oferecendo aulas de capoeira. Elas também têm a oportunidade de competir em outros estados e países. Atualmente, cerca de 200 meninos e meninas são contemplados nos jardins Santa Fé (zona leste) e Piza e União da Vitória (ambos na zona sul).

Com sua evolução, a iniciativa ganhou o mundo, e está presente em outras localidades. Morando em Atlanta, nos Estados Unidos, desde 2002, mestre Fran afirma que a prática está salvando a vida de muitas pessoas, além de valorizar o Brasil perante outras nações. "Temos turmas, em Atlanta, de crianças refugiadas da África, que encontram na capoeira um novo começo e ainda se identificam com a nossa cultura e história", conta.

Em Londrina, o projeto não conta com verba pública e o trabalho, que é realizado de forma voluntária, é gratuito. Para as aulas, as crianças ganham uniforme e recebem treinamento de instrumentos e de dança. Vários que hoje dão aulas foram participantes do "Ginga". "A filosofia do nosso grupo se baseia na valorização do ser humano em todas as suas dimensões, do físico ao moral. Lutamos contra a violência doméstica e as drogas", elenca. Na região, as cidades de Apucarana (Centro-Norte) e Cornélio Procópio (Norte) são atendidas.

Natural de Fortaleza (CE), mestre Fran chegou no Norte do Paraná em 1982. A vertente social no município, porém, começou pouco mais tarde através da associação, quando iniciou aulas de capoeira a usuários de drogas no Bosque Central. "Daí em diante não paramos mais e só crescemos. O que estamos colhendo hoje é a semente do que plantamos nesta época."

FALTA DE APOIO
De acordo com ele, os principais desafios para valorização da capoeira como forma de trabalho e de inclusão, são o preconceito e a falta de apoio. "Fora daqui o reconhecimento é outro. Falta no Brasil o sentimento de estimar o que é nosso. Muitas pessoas veem com olhar de preconceito, mas isso precisa ser quebrado. Outro fator é o apoio do poder público, que ainda não se deu conta do poder transformador da capoeira", lamenta.