Curitiba - No próximo domingo, o curitibano Roberto Coelho começa mais um desafio em sua vida: percorrer cerca de 800 km, entre Curitiba e Porto Alegre, de bicicleta. A viagem será feita em uma semana, com média de 120 km/dia, e no dia 31, quando chegar à capital gaúcha, Coelho terá dois bons motivos para comemorar: o aniversário de 55 anos, que completa amanhã, e três décadas de superação, desde que recebeu o diagnóstico de Mal de Parkinson, aos 25 anos de idade.
  O nome do seu projeto não podia ser mais sugestivo: ‘‘Faça Limonada’’, referência ao ditado popular: ‘‘Se a vida lhe der limões, faça uma limonada’’. ‘‘Quero mostrar que é possível, quero levar uma mensagem de otimismo e positividade por meio do esporte’’. Durante a viagem, Coelho também faz duas palestras, dias 27 e 29, nas Associações de Parkinson de Florianópolis e Araranguá (SC).
‘O mundo desabou’
  Ainda na adolescência, a família percebeu algumas dificuldades do filho, que arrastava os pés para caminhar, mas o disgnóstico não veio logo. O Mal de Parkinson não é detectado por meio de exames clínicos, mas sim por seus sintomas, entre eles o tremor, rigidez muscular, instabilidade de postura, dificuldade para caminhar ou para falar. Ninguém conseguia acreditar também que um jovem de 25 anos estivesse com Parkinson, uma doença que costuma aparecer após os 50.
  ‘‘O mundo desabou na minha cabeça’’, diz, quando se lembra do momento em que recebeu o diagnóstico, então casado e com um bebê de menos de um ano de idade. ‘‘Me perguntava o que seria do meu filho com um pai inválido’’, conta. A ajuda apareceu por meio de um vizinho, de quem ele não sabe nem o nome, que recomendou que ele não deixasse de viver e de fazer o que quisesse, sem se preocupar com o dia de amanhã. Só assim, não se arrependeria mais tarde de não ter aproveitado o tempo, mesmo que com limitações.
  O conselho soou como um aviso. Coelho, que gostava de pedalar, passou a se dedicar ao ciclismo. Trabalhou na organização do passeio noturno Bike Night, um dos eventos mais importantes do segmento no Paraná, e também trouxe novas modalidades de cicloturismo ao Estado. Realizou ainda a primeira série completa de provas de resistência Audax, modalidade que alia distância e velocidade em um desafio individual, não competitivo.
  Coelho reconhece que trava uma luta diária contra a doença, que não tem cura e depende de medicação para ser contida, mas acredita que o exercício físico tem sido seu grande aliado para conter os avanços. ‘‘Sinto-me absolutamente à vontade na bicicleta, não tenho a mesma força de uma pessoa que não tenha Parkinson, mas tenho flexibilidade e mantenho a doença bem sob controle.’’
  Segundo o neurologista Paulo Bittencourt, do Hospital Nossa Senhora das Graças, é preciso considerar cada caso, levando em consideração o estágio da doença e o comprometimento que o paciente apresenta, para saber se o exercício físico ajuda no combate à enfermidade. ‘‘Geralmente são recomendados alongamentos para trabalhar com os músculos mais afetados, mas tudo deve ser feito com acompanhamento
médico.’’


O que é o Mal de Parkinson
É uma doença degenerativa do sistema nervoso central, lentamente progressiva, idiopática (sem causa conhecida), raramente acontecendo antes dos 50 anos, comprometendo ambos os sexos igualmente, caracterizando-se por rigidez muscular, tremor de repouso, hipocinesia (diminuição da mobilidade) e instabilidade postural.

roteiro

Confira por onde passará a aventura:
25/07 - Curitiba a Joinvillle (SC)
26/07 - Joinville a Camboriú (SC)
27/07 - Camboriú a Florianópolis (SC) - 80 km, é o menor trecho
28/07 - Florianópolis a Laguna (SC)
29/07 - Laguna a Araranguá (SC)
30/07 - Araranguá a Osório (RS) - 156 km, é a maior distância
31/07 - Osório a Porto Alegre (RS)
Fonte: www.parkinsonlimonada.blogspot.com