Curitiba - Mãe mata os cinco filhos, com idades entre 6 meses e 7 anos, afogados na banheira de casa. Em seguida chama a polícia e o marido para calmamente relatar o ocorrido. O caso aconteceu em 2001, nos EUA. Pode-se imaginar a comoção nacional. O quanto Andrea Yates teve sua vida exposta e a mente ''escrutinada'' pela mídia. E até que ponto ela foi antecipadamente julgada pela opinião pública.
A psiquiatra Sheila Wendler vem se especializando em casos de ''maternal filicide'', quando a mãe tira a vida dos filhos. Ela os enxerga sob a ótica médica. Com seus estudos, a psiquiatra ajuda a entender como funciona a mente criminosa, quais doenças ou situações causam tamanha aberração e quais os possíveis tratamentos e penas impostas a esses crimes.
Sheila participou do segundo julgamento de Andrea. Era uma mulher que vivia sob forte estresse, tendo que cuidar de cinco meninos 24 horas por dia, enquanto o marido trabalhava. Andrea, vista como doente mental grave, foi penalizada a confinamento em um hospital psiquiátrico para criminosos sem previsão de saída ou cura. Lá, recebe tratamento e vive sob vigilância.
O caso de Andrea parece muito específico, por ocorrido na sociedade americana. Mas na atualidade, quando a mídia exerce forte influência sobre a opinião pública, serve como exemplo para discussão e análise, aponta Sheila. A possibilidade de julgamentos antecipados e linchamento moral dos acusados é alta.
A realidade da violência contra crianças, aponta Sheila, não corresponde necessariamente ao ''clamor'' da opinião pública. Há uma série de circunstâncias envolvidas. ''Cada caso é um caso'', enfatiza. ''Cada história de crime contra crianças, cada caso de mães ou pais que matam filhos, cada pedófilo ou psicopata, deve ser analisado individualmente, por especialistas.'' (B.M.)