Moradores afirmam que ouvem promessas de melhoria há anos
Moradores afirmam que ouvem promessas de melhoria há anos | Foto: Saulo Ohara



Os recentes protestos de moradores do Distrito de Irerê (zona sul de Londrina) contra a precariedade das vias expuseram mais uma vez a realidade dos moradores da zona rural. Pavimentos ruins, malconservados ou inexistentes são encontrados também em outros distritos da zona sul percorridos pela reportagem. O lavrador aposentado Arlindo Rita foi uma das pessoas que participaram do protesto. Ele é morador da Rua Ulisses Rodrigues da Silva, uma das que está em condições mais críticas de Irerê. "Toda eleição os políticos vêm aqui e prometem que vão asfaltar, mas esse asfalto nunca sai. Moro aqui há 60 anos e nunca cumpriram o que prometeram. Falam que não têm dinheiro; eu pago meus carnês dos impostos, mas quando é que vão fazer?

A lavradora aposentada Maria da Graças Batista, que também mora na mesma via, destaca que nem a ambulância do Samu entra na rua. "Eu moro aqui há 40 anos. A última administração que passou máquina motoniveladora e jogou moledo aqui foi em 2009", relata.

Mas o moledo é uma solução que a população local não quer mais, reivindicam uma solução definitiva. Outro morador da região, Manuel Braga Rodrigues, relata que não adianta jogar pedras em um terreno de aclive, pois as pedras acabam rolando para a parte mais baixa da via junto com as águas da chuva.

Morador da na Rua Lívio Busse, o agricultor aposentado Antônio Castruch reclama que a chuva carrega o cascalho e a lama para sua casa. "Fiz uma mureta baixinha na entrada da garagem para não alagar tudo aqui", reclama.

GUARAVERA
No Distrito de Guaravera, o montador industrial Márcio Marcelo Xavier destaca que a chuvas forte contribui para desgaste do asfalto. "Muita gente joga entulho nos buracos para tapá-los", diz ele, relatando que além da Rua Santa Inês, onde reside, as ruas 17 e a Mato Grosso também estão críticas. "Nos dias de sol forte é uma poeira só." Ele aponta que o último grande serviço de asfaltamento aconteceu na época em que foram construídas casas populares no Buraco da Onça, quando pavimentaram 15 vias, em 2008. "Mas as ruas mais antigas continuam esquecidas", reclama.

LERROVILLE
No Distrito de Lerroville o quadro também não é diferente. O proprietário de um bar, Airão Machado ressalta que a Rua Londrinópolis nunca foi asfaltada. "Moro aqui há 40 anos e sempre que chove uma enxurrada abre valetas e a prefeitura nada faz. Os fregueses chegam e não têm como estacionar os carros e os caminhões de entrega também têm dificuldades para chegar aqui", afirma. Ele reclama também do acesso de Lerroville pela PR-445. Embora a via seja pavimentada, a estrada está repleta de buracos. A reportagem contou mais de 350 deles até chegar na Avenida Eloy Nogueira da Silva. "Aqui no Jardim Capitólio muita gente reclama. Já fui na prefeitura, as pessoas prometem, mas ninguém nunca cumpre", critica.

Na Rua Mateus Lemes Gonçalves, também em Lerroville, o lavrador aposentado Orozino Pereira afirma que a falta de pavimentação faz com que as pessoas não respeitem o espaço e acabem despejando lixo. "A gente faz a limpeza em frente de nossa casa, mas o pessoal continua jogando lixo e entulho aqui na rua."

GUAIRACÁ
No Patrimônio Guairacá, a diarista Simone Ovídio relata que frequentemente fica sem trabalhar por causa da estrada a cada chuva. "Trabalho na Gleba Palhano. Na última quarta-feira perdi a diária porque a estrada estava impossível de percorrer", revela. Ela relata que o ônibus de linha ficou encalhado por três horas e só conseguiu sair com a ajuda de um trator. "O ônibus escolar também teve duas horas de atraso. Minhas filhas moram no patrimônio, mas muitas crianças das salas delas perderam aulas", relata.

O presidente da Associação de Moradores de Guairacá, Osvaldo Pires Ribeiro, ressalta que a estrada de Guairacá está terrível. "Nesta semana, minha mãe perdeu uma consulta porque não tinha como sair. Uma máquina tirou todo o moledo para a implantação das pedras irregulares, só que a obra parou em 2016 e ficou só no barro. Como vamos fazer em uma situação de emergência, com alguém doente?", questiona. (Leia mais na pág. 3)