Imagem ilustrativa da imagem Pessoas com (d)eficiência na construção civil
| Foto: Gina Mardones
Cilso José da Silva tem deficiência auditiva moderada e trabalha no almoxarifado
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| Foto: Ricardo Chicarelli
Gilmar Juliano Antunes, que tem deficiência no braço direito, é vigia: "Não atrapalha o meu serviço"



O emprego das pessoas com deficiência está resguardado pela Lei 8.213/91, que determina que as empresas com 100 ou mais empregados reservem vagas PCD, em proporções que variam de acordo com o número de empregados: de 100 a 200, a reserva legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%; de 501 a 1.000, de 4%, e acima de 1.001, de 5%. Apesar de a legislação existir há 25 anos, ainda há muitas dúvidas sobre o assunto e desafios a serem vencidos.
O tema foi debatido no I Fórum de Inclusão da Pessoa com Deficiência na Construção Civil, realizado nesta semana em Londrina, pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte PR).
Cilso José da Silva tem deficiência auditiva moderada e está empregado em uma construtora desde 1986, antes de a legislação ter sido promulgada. Começou trabalhando como servente de pedreiro e hoje atua no almoxarifado de um canteiro de obras, entregando os equipamentos para os colegas. Silva faz uso do aparelho auditivo desde os dez anos. Sem ele, não consegue identificar sons como o de um telefone tocando. Porém, ao ficar frente a frente com uma pessoa, é capaz de conversar normalmente, aliando a leitura labial com os sons que consegue identificar.
Aparecido Siqueira, diretor de Recursos Humanos da A.Yoshii, onde Silva trabalha, explicou que no momento da admissão a empresa explica sobre a condição de colegas com PCD e pede paciência a eles. Ele ressalta que a maior preocupação da empresa em relação às PCD é com a segurança. "Cabe a nós entendermos as limitações dessas pessoas para cada função e atividade. É claro que a empresa não vai pedir para fazer um serviço diferenciado conhecendo essas limitações", apontou. Ele ressalta que uma das dificuldades de ambientação no canteiro de obras é a constante mutação do espaço. "Nós fazemos as adaptações para a acessibilidade do espaço, mas as obras estão em constante modificação", expôs.
Luciana Siqueira da Silva Fernandes, gerente de Recursos Humanos do grupo Plaenge, informa que a empresa possui 17 PCDs e que 80% deles estão nas obras. "As PCDs são capacitadas e conseguem superar muita coisa em seu dia a dia", apontou. "É preciso estimular para que elas atendam de forma mais complexa o mercado do trabalho e possam se realizar nele", destacou.
Para quem é deficiente é uma cidade pequena, o problema é que há poucas empresas que possam disponibilizar vagas. O vigia Gilmar Juliano Antunes tem 25 anos e morava em Itaporanga (SP), cidade com 23 mil habitantes. "Mudei para Londrina porque tenho esposa e duas filhas para sustentar. Comecei trabalhando em um moinho de trigo e hoje sou vigia do grupo Plaenge", relatou. "Existem empresas que têm ainda um pouco de receio por achar que a gente não é capaz. Eu sou deficiente físico do braço direito e isso não atrapalha em nada o meu serviço", garantiu.
Antunes comentou ainda o temor das pessoas de perder o Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) do INSS. "O benefício é um direito que todos possuem e o trabalho faz bem para a saúde da gente", apontou.
Segundo o site PCD Legal (http://www.pcdlegal.com.br/), desde 2011 o BPC é suspenso (não mais cancelado) quando a pessoa passa a trabalhar. Ao deixar o trabalho, o benefício voltará a ser pago, basta apenas a pessoa requerer ao INSS a retomada.
A vice-presidente do Sinduscon Norte Pr, Célia Catussi, confirma que uma das principais dificuldades para atrair PCDs é a perda do benefício. "A pessoa tem que analisar o que vai ganhar. Talvez a PCD não tenha estabilidade garantida, mas é um profissional muito procurado pelo mercado e isso faz com que haja uma certa proteção para as PCDs."