A realização do desejo de adotar uma criança se transformou em desespero para a jornalista Sandra Sobral, de São Paulo. Sem informação sobre todas as etapas que envolvem a adaptação de uma criança à nova família, ela passou por momentos de muita angústia até entender que a rejeição do garoto de 4 anos à mãe adotiva fazia parte do processo. A experiência, ao invés de provocar a desistência de Sandra, acabou por motivá-la a ajudar outras pessoas que querem adotar. Ela criou a ONG Geração Amanhã, cujo objetivo é disponibilizar informações sobre as fases da adoção e outros assuntos relacionados ao tema.

Sandra conta que a experiência de tentar adotar uma criança em São Paulo foi o primeiro trauma, devido à falta de orientações. "Nunca entraram em contato comigo", lamenta. Por isso, ela procurou a Justiça do Paraná, onde, segundo a adotante, o sistema é mais eficiente. Adoção concretizada, o segundo trauma foi a experiência de se adaptar à nova realidade sem uma preparação eficiente.
"Foi um caos, porque ele chorava e gritava, não me aceitava como mãe... Pesquisando sobre o assunto, descobri as consequências da falta de afeto para uma criança e entendi que o comportamento dele era típico da adoção, chamado de crise de vinculação."

A crise, segundo ela, é uma reação normal da criança que foi tirada do ambiente que ele conhecia – no caso o abrigo. Além disso, abandonado uma vez, o menino testava o afeto da mãe adotiva de todas as maneiras para ter certeza que ela não iria abandoná-lo.

Quando o filho chegou em casa, Sandra percebeu, também, que aos 4 anos ele não tinha qualquer preparo para a convivência social. "Ele não sabia o que era um supermercado, uma igreja, porque simplesmente não saía do abrigo." Diante dessa experiência, Sandra despertou para a importância do acolhimento familiar e incluiu conteúdos sobre o tema no espectro de temas da ONG, criando inclusive um hotsite exclusivo.

Outro propósito do Geração Amanhã é difundir conhecimentos através da realização de eventos como o Congresso de Acolhimento Familiar em Cascavel, que ela apoiou.
"Também queremos realizar um programa de treinamento on-line para quem quer acolher ou adotar, justamente para orientar sobre as dificuldades que eu vivenciei. Além disso, queremos oferecer formação para as pessoas que trabalham na rede de proteção", antecipa.

A presidente da ONG relata que o atendimento recebido no Paraná, inclusive com apoio da equipe de Cascavel, foi uma das inspirações para levar adiante o projeto da ONG. "Em Cascavel a própria Vara da Infância oferece cursos, com orientações de psicólogo e assistente social. Os profissionais explicam sobre as fases da adoção, as particularidades de adotar crianças mais velhas e dão muitas informações, o que inclusive evita as devoluções. É um programa completo e envolve muitas semanas de capacitação para os possíveis adotantes", relatou, lembrando que as pessoas não entram "de brincadeira" na fila de adoção. "Elas precisam ser informadas sobre o que vão enfrentar, sem romantização." (C.A.)

Serviço: Mais informações no site e ou aqui.