Trabalho foi desenvolvido pela fotógrafa Angelita Santini Niedziejko: "Me chamou a atenção a sensibilidade de todos"
Trabalho foi desenvolvido pela fotógrafa Angelita Santini Niedziejko: "Me chamou a atenção a sensibilidade de todos" | Foto: Gina Mardones



Através da fotografia, oito crianças moradoras dos jardins União da Vitória e Nova Esperança (zona sul de Londrina) vão expor sentimentos, percepções e diferentes visões de mundo na exposição fotográfica "Olhares Nova Esperança", neste sábado (18), às 15 horas, na Casa de Apoio Madre Maria Gertrudes (Rua dos Cozinheiros, 952, União da Vitória). Os trabalhos foram desenvolvidos em uma oficina realizada pela fotógrafa Angelita Santini Niedziejko, voluntária no grupo de escuta da paróquia São Vicente de Paulo, que apoia a Casa de Apoio.

Após passar um tempo visitando os moradores da região, ela decidiu registrar a vida nos bairros. "Neste processo, percebi que as crianças tinham muito interesse pela câmera. Surgiu assim a ideia da oficina", explica.

O trabalho que será mostrado no sábado é fruto de oito encontros com as crianças, sempre aos sábados. Com apoio da vila cultural Grafatório, eles montaram uma câmara escura e câmeras "pinhole", feitas artesanalmente, para entender o processo fotográfico. O fotógrafo da FOLHA, Anderson Coelho, foi convidado para contar um pouco sobre sua experiência profissional. "Foi uma inspiração para as crianças", relata. Antes de começarem a praticar, os jovens fotógrafos também aprenderam sobre luz e enquadramento e conheceram o trabalho de alguns ícones da fotografia mundial.

Cheios de informação, os meninos e meninas fizeram uma "saída fotográfica" ao Jardim Botânico, com câmeras analógicas, e puderam fotografar o ambiente. Por fim, ficaram uma semana com as câmeras para registrar o próprio cotidiano. "A ideia foi apresentar a fotografia como instrumento de expressão, despertar novos olhares e dar novos significados à realidade", afirma.

O resultado surpreendeu Niedziejko, que considerou a experiência "um presente" para si mesma. "Me chamou a atenção a sensibilidade de todos", relata ela, que contou com a ajuda da fotógrafa Fátima Sauvignon para selecionar as fotos da exposição e da voluntária Rosana de Andrade, que ajudou na dinâmica das atividades. Além de verem as próprias fotos expostas, todos estão montando álbuns de scrapbook para guardar de lembrança.

ESPERANÇA
Eduardo de Souza Lima, 11, conta que "não era muito bom" em fotografia mas agora pode dizer que "melhorou muito". "Aprendi sobre enquadramento e luz, gostei muito de mexer com a câmera e fiquei com vontade de guardar mais momentos em fotos", diz o garoto, que entre as fotos preferidas cita a imagem dele com o pai refletida em uma poça de água. Outra imagem marcante foi a foto de uma cadeia, que ele fez para simbolizar a esperança. "Tenho esperança que as pessoas saiam da cadeia recuperadas", revela.

Jhenifer Alexia Ribeiro da Silva, 9, gostou principalmente de fotografar o irmão mais novo, que também foi o símbolo da esperança escolhido por ela. "Minha foto preferida tem meu irmão olhando direto para a câmera", diz.

Histéfani Victória Moreira, 10, fotografou uma grande loja para simbolizar a esperança, porque pretende trabalhar em um lugar assim quando for mais velha. "Esperança é o que a gente busca sem nunca desistir", sintetizou. Ela sempre gostou de fotografar paisagens com o celular do pai, mas aprendeu na oficina que fotografia serve também para comunicar mensagens e expressar sentimentos.

Letícia Pires dos Santos, 10, foi à oficina por sugestão da mãe, pois não tinha muito interesse nesta arte. Depois de realizar as atividades, porém, ela mudou de ideia e passou a gostar de fotografar. "O que mais gosto é ver as imagens impressas", diz.

Niedziejko pretende continuar a ofertar oficinas. Além disso, as crianças serão convidadas a acompanhá-la nas sessões de foto pela região onde vivem, para não perderem contato com a fotografia.